
Claireece Precious Jones é uma menina negra, obesa, analfabeta, de 16 anos, estuprada pelo pai desde criança, grávida dele pela segunda vez e, por isso, herdeira do seu HIV. Isso faz com que sua mãe, apesar de conivente com a situação, a odeie e a maltrate violentamente todos os dias. Obviamente, Precious é uma garota com vários bloqueios no aprendizado e na relação com os outros.

Comovente, intrigante, reflexivo, digno e indignante. O roteiro, muito bem construído, consegue entrar nas mazelas humanas, no submundo cotidiano de vidas comuns arrazadas. O filme consegue fazer arte, incabível no binômio "bonita - feia", a partir da precariedade, daquilo que enoja, das valas mais obscuras e promíscuas que nós humanos somos capazes de abrir. É arte que age como uma navalha na carne - nos sentimentos - na razão, sem dissociação.

Com sua cor púrpura, Precious se despede do espectador andando pela rua com seus dois filhos/irmãos e seu HIV correndo nas veias, desconcertando as nossas elaborações morais acerca da boa conduta humana... Preciosa! É possível ver nela a máxima do filósofo Sartre: "Mais do que aquilo que fazem de nós, importa o que nós próprios fazemos com aquilo que fazem de nós".
Precious, um corpo/pessoa fora dos padrões de beleza estabelecidos. Uma personagem de carne, calor, cheiro, suor e sangue que personifica as mulheres estigmatizadas e, no entanto, deslumbrantes, pois ousam se reinventar retocando sempre a maquiagem desfeita pela lágrima. Olhos marejados e sedentos. Por isso, preciosas!
Imagens capuradas no site Cinema em Cena:
http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_filme=6778&aba=trailer
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