Como bem disse a Thereza, Pina introduziu movimento no mundo, movimento feito evento.
As imagens me trouxeram Pina bem antes de poder contemplá-la corporalmente.
Uma dança tipo a vida nossa de cada dia: feinha, cômica, rude, prazerosa, terna, louca, tumultuada, incompreensível, linda, linda, linda... Cheia de sentidos a serem construídos.
Livre e atento absorvi cenas “Para Crianças de Ontém Hoje e Amanhã”, meu único encontro corporal com a Dama da Dança-teatro. Foram duas horas, intervalo e mais uma hora e meia povoadas de situações estupida e estupendamente rotineiras. Vida exposta no palco e chamada de dança. Reflexão, perguntas, dúvidas transpiravam dos corpos, estreitos laços de amizade com a sabedoria.
Pensei: a dança desceu do pedestal? É a inteligência do corpo sendo ouvida/vista? A coreógrafa pirou?
E na sua piração marcou a história da dança. Mostrou ao mundo uma dança pequena, ingênua, que não ganha troféu em festivais, que, de certa forma, envergonha a classicidade do bailado.
Livre dos estereótipos, Pina (gosto de chamá-la sem a formalidade intelectual) filosofez diferença no palco do tempo. Pina se foi, mas seu movimento permanece.
Como ela, ao querer qualquer coisa de muito mais simples que o estilizado, fico com a nostalgia da dança.
Cena do espetáculo "Café Müller".
Imagem capturada em http://www.jornalinside.com/imagens/downloaded/1317887600.jpg
30 de julho de 2009
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