27 de fevereiro de 2011

27


2 – dois: 1 + 1; dupla; duo; eu e você; o contrário de sozinho.

7 – sete: o número bíblico da perfeição.

O 27 de cada mês tem sabor de comemoração. Dia de sentido confundido, iluminado. Dia de presente que prolonga a presença. É feriado de amor chegar, de você que já sou eu.


Inspirado na música "Iluminado" de Vander Lee, interpretada por Daniela Mercury.
Imagem do filme "Você já foi à Bahia?" - Walt Disney.

23 de fevereiro de 2011

Em tarde sendo


A tarde derramou seus tons marrons deixando ocre o meu semblante. Foi quando me pus a pensar em algo bem simplório: o que me faz gostar de alguém?

Hoje o telefone, há tempos calado, resolveu dar com a língua nos dentes, tocou sucessivamente uma chamada atrás da outra, seis, das mais variadas procedências.

A morte do cisne, o ensaio fotográfico, a conta do banco, a palestra sobre história da arte, a aula de amanhã, como foi a reunião, a falta que sinto...

O escuro já entrou aqui, dançando entre as teclas, ofuscando minha escrita, mas ainda deixa ver aquilo que desejo dizer. Aquilo que me faz gostar, não penso responder de modo literal, a toque de letras.

Quero que o seja a toque de dedos, de corpo e suor interagindo num diálogo promíscuo, onde pergunta e resposta estão além das vãs filosofias sobre moral e discurso.

Chamadas atendidas, seis procuras me buscaram, que importância tenho eu. Que o gostar não me torne exigente, apenas deixe-me ser uma pessoa importante que não reza tanto mas pensa no amor e agora precisa ascender a luz.


Imagem do filme "Tetro", capturada aqui.

21 de fevereiro de 2011

(acon)tecer o enredo dos dias


Hoje, um mês depois do meu aniversário, me dei conta que dia 18/02 fez um ano que mudei de lugar, de estado, de hábitos, de afetos, de âmbitos projetados e nunca habitados.

Uma inocente fagulha de saudade tracejou um coração diante de meus olhos. Atravessando-o, ao invés de uma flecha, pareceu-me ter marcas de pneus... Freada brusca ou arrancada violenta.

Do outro lado, uma ponta de tristeza veio dizer-me que, talvez, eu vá morar sozinho pela primeira vez. "É pra rir ou chorar?" (perguntei-lhe).

Nessa mesma tarde, um amigo distante, de idade próxima a minha, contou-me que está plantando um jardim e contruindo uma casa. Que abriu uma floricultura, está viajando por todos os continentes para escrever um livro e pediu seu namorado em casamento diante da torre Eiffel.

Entre recíprocas vibrações, ele me disse ter descoberto em sonho e regressões que irá morrer aos trinta e cinco anos. E mais que esperar por isso, está buscando viver bem cada dia.

Entre rir ou chorar, deixei-me naufragar naquele olhar prolongado que os mais próximos já reconhecem em mim e perguntam: "Aconteceu alguma coisa?"

Entre o peso e os achados desse 1 ano, o receio de assumir as contas sozinho, um sonho que anuncia a morte e um conto de amor em Paris, olho para o céu sem estrelas e prenuncio lágrimas, saudade e medo de dormir só.


Imagem do filme "Tetro", capturada aqui.

(es)colhendo frutos


Tantos ‘eus’ afloram em mim desde que decidi ser vivo e escolher cotidianamente rumos para construir a própria vida. Eis o que cabe a um ser vivente, fazendo jus ao óbvio da frase.

No último domingo fui parabenizado por ser dez anos mais velho que os demais componentes da mesa à qual me sentava. Antes da pergunta sobre a idade rolar, já tinha me percebido distante daqueles assuntos, abordagens e interesses, no mínimo umas três décadas.

À beira de um fim reestabeleci um novo olhar sobre trocas, cedências, presenças e ausências. Mais do que avaliar, prevenir e tentar arquitetar uma relação, decidi me relacionar.

Aleatório ao tom dos outros sobre minha prática, escamoteando fiscalizações arbitrárias e sem meu consentimento, vou conjugando o gerúndio do verbo viver, seja vendo três vezes o mesmo filme ou dando um jeito na vontade boba de voltar às antigas seguranças.

Agora, já na casa dos trinta, é seguir escolhendo, ser sincero o bastante para arcar com o ônus da escolha e colher o que dela frutificar.

Foto: Odailso Berté

16 de fevereiro de 2011

Burlesque, uma vida, um estilo, uma necessidade


Há tempos um filme não me levava mais de uma vez ao cinema. Há tempos um filme não me deixava com vontade de dançar. Há tempos que eu não percebia o tempo passar durante o filme. Há tempos eu não desejava que o filme continuasse...

Como é preciso saber criar e dar oportunidade ao outro. Para que se expresse, se posicione, se mostre e faça-nos ouvir não só a nossa voz. Para que nos faça perceber o inédito que pode surgir quando, simplesmente, ‘abrimos as cortinas’ e deixamos que ele nos mostre que o palco é o seu lugar.

O cuidado com o lugar que concretiza um sonho resignifica o sentido de pertencimento a uma pequena comunidade artística que, a partir do seu modo específico de organização, ocupa um lugar outro no mundo. É comovente o apreço em manter vivo o lugar onde nascem as estrelas.

Dono de cores cintilantes, diálogos leves e bem humorados e um enredo dançante que se resolve em meio a belos números musicais, Burlesque (USA, 2010) se apropria de um argumento simples e deixa falar alto a picardia da imagem, do sonho e da dança.

A vontade que fica é de compor a vida de forma burlesca, ser sempre o menino que sonha, o homem que é e faz arte com corpo.


Imagem capturada aqui.

14 de fevereiro de 2011

Imagem


Converso misturando entusiasmo e entraves. Depois fico contando as partilhas que ficam por acontecer, as tantas imagens a serem descritas, as tantas frases divididas.

Queria desgastar o medo e deixar só o carinho que ainda vive transbordar fraterno daquele jeito, entre canções, beijos e papéis coloridos.

Ouço e guardo a intensidade entre as lágrimas discretas que aparecem no avermelhar dos olhos e no enrubescer do rosto. São desalinhos que a razão provoca nos sentimentos.

Tenho sido o consenso entre as desavenças ditadas pelos desajustes que se abateram nos últimos tempos. Atitude de rapaz dedicado tentando amar a si também.

Ficaram ainda muitas idéias acesas, dispersas pelo corpo, passeando pelo sexo também. Além dos ganhos afoitos tão narrados dias atrás, guardo como precioso legado, a imagem.


Imagem capturada aqui.

Burlesque: histórias comuns também brilham


Será que só as biografias de mártires, reis e rainhas rendem bons filmes? Por que as histórias comuns não (co)movem os olhares críticos?

Sem adesões ao ‘lixo cultural’ que muitos produzem, vejo um sentido inovador quando Boaventura Sousa Santos diz que todo conhecimento ou ciência deve se ‘sensocomunizar’, ser acessível, fazer sentido ao dia a dia humano. Entre aquilo que se chama senso comum e aquilo que se entende como senso erudito, há mais complementaridade do que certos críticos podem ‘achar’.


Pensando em histórias comuns, tachadas de ‘clichês’ e 'previsíveis', olho para a simplicidade burlesca de Tess (a lenda) e Ali (a estrela), personagens vividas por Cher e Christina Aguilera em Burlesque (EUA, 2010), dirigido por Steve Antin. Um filme musical com traje a rigor que assume o comum com sinceridade, brilho, maquiagem, luzes e números musicais e coreográficos de bom porte sonoro e imagético.

O enredo da garçonete que vem do interior para tentar o sucesso como artista na cidade grande, já é deveras conhecido. Todavia, o que encanta é como recriar tramas já vistas com paisagens surpreendentes.


O empenho em manter viva sua fábrica de teias e enredos, faz do artista um trabalhador incansável que dirige, costura, canta, dança, pinta e borda. Alguém que desponta no palco e conserta figurinos com o mesmo brilho. Embora pareça utopia no meio artístico, esses são egos (est)éticos, capazes de reconhecer e potencializar o talento do outro sem tê-lo como ameaça ou sombra, mas sim, como mais um protagonista no fazer artístico.

Ao invés de narrar só a ascensão da estrela, Burlesque mira o foco para o ambiente onde esta desponta. As luzes do pequeno palco onde sonhos, teias e enredos ganham vida merecem seguir acesas, como o céu que continua firme, ajam estrelas ou não.


Acredito em contos comuns, de verdade, que fazem espetáculo de coisas pequenas, que emocionam ao deixar que garçonetes mostrem a voz e a sensualidade por vezes escondidas entre mesas, aventais e bandejas. Histórias assim, fazem canção e dança com a feiúra e a boniteza que a vida tem.


Imagens capturadas aqui.

11 de fevereiro de 2011

O Discurso do Rei: entre linhas e imagens

“Eu tenho voz!” Uma frase, aparentemente, simples de ser dita e um tanto obvia, dado que, a apriori, os humanos são seres falantes. Todavia, pode ser um discurso pesado para alguém que, movido por um sentimento de inferioridade, tropeça nas palavras de um ‘eu’ gago e receoso em expressar sua coragem.

O Rei inglês George VI, protagonizado com maestria por Colin Firth, ao assumir o trono abdicado pelo irmão, mais do que enfrentar todo o povo inglês e a iminência de uma guerra, precisa lutar com sua gagueira.


O desafio de falar em nome de um povo quando não se consegue falar direito pode ser a ruína de um reinado que depende de diplomacia, acordos e discursos.

Como manter as relações ternas quando tudo ao seu entorno torna-se frio, burocrático e simbólico?
Como reencontrar traumas passados, fatos que parecem sem importância diante da relevância de um reinado, para, a partir deles, compor uma auto-expressão e uma liderança forte?
Como dar-se conta de que as grandes posições vêm das frugalidades cotidianas?


O companheirismo de uma esposa atenta e solidária, interpretada com beleza e sensatez por Helena Bonhan Carter, apresenta traços de um afetuoso matrimônio que suporta e atenua as dificuldades.

A simplicidade e o talento de um pseudo-profissional de problemas da voz, vivido sagazmente por Geoffrey Rush, oferece o ombro, os ouvidos e o coração abertos para acolher o outro em sua pequenez sem nobreza, mostrando que entre amigos é possível ensaiar discursos onde o ‘eu’ pode se mostrar sem medo algum.


O Discurso do Rei (2010), dirigido por Tom Hooper, traz, na sutileza e na inocência de uma gagueira, a magnitude gestual de quem, embora tropeçando na verbalidade, traz reinos encantados no coração e consegue desenhá-los a toque de dedos, fazendo com que imagens beijem-nos olhos, peito e lembranças.


Imagens capturadas aqui.

Elogio à autenticidade


Me chamam Agrado, porque toda a minha vida sempre tento agradar aos outros. Além de agradável, sou muito autêntica. Vejam que corpo. Feito à perfeição. Olhos amendoados: 80 mil. Nariz: 200 mil. Um desperdício, porque numa briga fiquei assim [mostra o desvio no nariz]. Sei que me dá personalidade, mas, se tivesse sabido, não teria mexido em nada.

Continuando. Seios: dois, porque não sou nenhum monstro. Setenta mil cada, mas já estão amortizados. Silicone… Onde? [Grita um homem da platéia]. Lábios, testa, nas maçãs do rosto, quadris e bunda. O litro custa 100 mil. Calculem vocês, pois eu perdi a conta.

Redução de mandíbula, 75 mil. Depilação completa a laser, porque a mulher também veio do macaco, tanto ou mais que o homem. Sessenta mil por sessão. Depende dos pêlos de cada um. Em geral duas a quatro sessões. Mas se você for uma diva flamenca, vai precisar de mais.

Como eu estava dizendo, custa muito ser autêntica, senhora. E, nessas coisas, não se deve economizar, porque se é mais autêntica quanto mais se parece com o que sonhou para si mesma.


Texto da personagem Agrado (Antonia San Juan) no filme "Tudo Sobre Minha Mãe", de Pedro Almodóvar.
Para conferir a performance, clique aqui.
Imagem capturada
aqui.

10 de fevereiro de 2011

Meninos de Menina

LOBO MAU (Shrek): Titia.


Miguel Bosé - 'LETAL' (De Salto Alto): Fatal!


Gael Garcia Bernal - 'ZAHARA' (Má Educação): Visitante indesejada.


Robin Williams - 'EUPHEGENIA' (Uma Babá Quase Perfeita): Quase...


Patrick Swayze - 'VIDA' (Para Wong Foo, Obrigada Por Tudo! Julie Newmar): Diva!


Ary Fontoura - 'DINA' (A Guerra dos Rocha): Bruxa do 71?


John Travolta - 'EDNA' (Hair Spray): Mamãe fofa.


Rodrigo Santoro - 'LADY DI' (Carandiru): Princesa.


Johnny Depp - 'BON BON' (Antes do Anoitecer): Raivosa.



Imagens capturadas em:
http://www.fanpix.net/picture-gallery/aron-warner-picture-14406313.htm
http://www.todosalcine.com/Reportaje%20%20del%20mes.html
http://www.rottentomatoes.com/m/bad_education/pictures/8.php
http://johnnydeppnahh.blogspot.com/2010_11_19_archive.html
http://blig.ig.com.br/tudoparamulheres/2009/09/16/homenagem-a-patrick-swayze/
http://oglobo.globo.com/plantao/
http://acervodocinema.blogspot.com/2011/01/hairspray-em-busca-da-fama.html
http://bert-trashboi.blogspot.com/2010/10/carandiru-2003.html
http://www.moviemail-online.co.uk/film/10660/Before-Night-Falls-/

Meninas de Menino(a)

Felicity Huffman - 'BREE' (TransAmérica): Uma dama!


Bruna Lombardi - 'DIADORIM' (Grande Sertão Veredas): Diaba.


Angelina Jolie - 'EVELYN SALT' (Salt): Camaleoa.


Meryl Streep - 'RABINO' (Angels in America): Bendita seja!


Hilary Swank - 'BRANDON TEENA' (Meninos Não Choram): Menino de ouro.


MULAN: Firmeza e ternura.


Amanda Bynes - 'VIOLA' (Ela é o Cara): Boa de bola.


Gwyneth Paltrow - 'VIOLA' (Shakespeare Apaixonado): Ingênua.


Joyce Hyser - 'TERRY' (Quase Igual aos Outros): Obstinada.


Antonia San Juan - 'AGRADO' (Tudo Sobre Minha Mãe): Agradável e autêntica!



Imagens capturadas em:
http://cinemacomrapadura.com.br/filmes/1875/transamerica-2005/
http://tvtropes.org/pmwiki/pmwiki.php/Pt/GrandeSertaoVeredas
http://english.hebei.com.cn/living/ent/20100824/1723.html
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http://www.nytimes.com/imagepages/2006/03/19/arts/19solo_ready.html
http://arquivo-bruto.blogs.sapo.pt/266492.html
http://www.alltopmovies.net/women-playing-men-movies/
http://www.flixster.com/photos/just-one-of-the-guys-6007574?gallery=movie-10772
http://modaeurbana.blogspot.com/2010/01/los-abrazos-rotos-o-novo-filme-do.html

9 de fevereiro de 2011

Imagens musicais

EVITA


NINE


MOULIN ROUGE


CHICAGO


DANÇANDO NO ESCURO


ALL THAT JAZZ


TANGO


FAMA


Imagens capturadas em:
http://www.movieposter.com/poster/MPW-37688/Evita.html
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http://cinemacomrapadura.com.br/filmes/361/moulin-rouge-amor-em-vermelho-2001/
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http://www.123people.com/s/cecilia+narova
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Imagens que dançam

DIRTY DANCING - RITMO QUENTE


BILLY ELLIOT


O SOL DA MEIA-NOITE


FLASHDANCE


A ÚLTIMA DANÇA


VEM DANÇAR COMIGO


SOB A LUZ DA FAMA


CISNE NEGRO


Imagens capturadas em:
http://www.thecheapgirl.com/2009/09/14/dirty-dancing/
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