23 de fevereiro de 2011
Em tarde sendo
A tarde derramou seus tons marrons deixando ocre o meu semblante. Foi quando me pus a pensar em algo bem simplório: o que me faz gostar de alguém?
Hoje o telefone, há tempos calado, resolveu dar com a língua nos dentes, tocou sucessivamente uma chamada atrás da outra, seis, das mais variadas procedências.
A morte do cisne, o ensaio fotográfico, a conta do banco, a palestra sobre história da arte, a aula de amanhã, como foi a reunião, a falta que sinto...
O escuro já entrou aqui, dançando entre as teclas, ofuscando minha escrita, mas ainda deixa ver aquilo que desejo dizer. Aquilo que me faz gostar, não penso responder de modo literal, a toque de letras.
Quero que o seja a toque de dedos, de corpo e suor interagindo num diálogo promíscuo, onde pergunta e resposta estão além das vãs filosofias sobre moral e discurso.
Chamadas atendidas, seis procuras me buscaram, que importância tenho eu. Que o gostar não me torne exigente, apenas deixe-me ser uma pessoa importante que não reza tanto mas pensa no amor e agora precisa ascender a luz.
Imagem do filme "Tetro", capturada aqui.
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