2 de setembro de 2009

(d)EFICIENTES

Dança para deficientes?
Não. Para diferentes. Porque aquilo no que eles diferem, falta para ‘os normais’.
E eles dançam. De modo que, o movimento que aparece em seus corpos, não é um intervalo defeituoso entre a dança que eles tentam fazer e a dança que eles deveriam atingir, é dança mesmo. Pois dançar deriva da capacidade de se mover, que todos temos, mesmo quando estamos parados. Já pensou nisso?
Para entender isso, dispa-se dos modelos de danças prontas, aquelas que precisam ser repetidas tal e qual, tipo aquela criada para expressar os caprichos da corte do Rei Sol. Pense numa dança inédita, de agora, contemporânea. Pense na dança. Uma dança que não te dá gestos prontos. Mas te faz pensar: que gestos são esses?
Essa dança, os diferentes fazem, sem os entraves/preconceitos/receios dos ‘normais’.
Portanto, não aplauda por compadecimento, mas por pensamento... Se suas vias pensantes não estiverem deficientes... Se bater a emoção, que não seja por dó, mas por reflexão.
Corpos diferentes também pensam, também dançam, também tem seus dançamentos. Não subestime o que não conhece direito.
Sim, eles dançam. Com eficiência.

1 de setembro de 2009

Esvadiando um pouco

Quando um certo vazio preenche nossos espaços, é alguma coisa que está ali, ou é a ausência dessa tal coisa que está ali? Quem ou o quê ocupa o lugar vazio?
Lorelai não me respondeu. Pergunta difícil.
Mas nem é pergunta, é algo que me ocorreu.
Ah, você se sente vazio hoje? Ou vazio, ou cheio demais.
Pode ser o clima interferindo no metabolismo. Podem ser tantas coisas, as que me dou conta, as que não percebo, as que agem independente de minha consciência. Pode ser que eu nem queira dizer isso.
O que me importa dessa vez é fazer algo fora do comum. Semelhante ao tom rosado das rosas empalidecendo as pétalas caídas. Ou fazer algo bem dentro do comum... Tipo dois homens se beijando publicamente sem ninguém pra se importar e nem fazer piada.
Tirar-me do sol por alguns dias, pois seu incômodo demasia a fraca performance dos meus atos, fico sentindo mais por dentro.
Junto disso, penso que pipoqueiros de cinema fazem cultura também, desde que não lhes tirem das pipocas. Sem elas eles não se encontram direito, ficam se achando.
O vazio e o calor dizem coisas entrecortadas. Pode ser que eu não entenda.
Pelo menos dançar me livra de certas mazelas hipotéticas. Mexe e varre picuinhas que tendem grudar nos tendões.