Tudo o que vemos e ouvimos nos contamina de alguma forma. Nada nos tira de nossa relação com o ambiente do qual somos participantes, voluntaria ou involuntariamente. Mesmo um filme como "Cartas para Julieta (EUA, 2010)", dirigido por Gary Winick, doce e, de certa forma, previsível, desperta sentimentos/pensamentos poéticos e céticos acerca das situações afetivas que todo e qualquer mortal vive.
Até que ponto devemos seguir os sentimentos? E a razão, devemos ouví-la? Esse chavão dualista nunca funcionou dessa forma. Amargo engodo. Razão e emoção agem de modo conjunto, não sendo possível dissociá-las para entender o que é uma e o que é a outra. Mas as metáforas de seguir o coração ou a mente, o senimento ou a razão, podem ajudar a olhar para certas relações (sem esquecer que são indissociáveis).
Quando tudo parece pueril, confuso, sem explicação, deplorável... Mas o amor, o bem querer e a atração palpitam forte... O que fazer? É possível (re)construir a relação quando os afetos se mostram feridos? Afinal de contas, confiança no outro surge como, quando e a partir de quê? Não seria algo a ser contruído ao longo do percurso? Confiar seria então um processo?
Nós construímos as relações ou elas é que nos constroem? Há aí uma via de mão dupla. Contaminamos as relações e somos contaminados por elas. Não há condutor ou conduzido. As conduções são mútuas, a doação contamina a recepção que novamente contamina a forma seguinte de doar... E assim sucessivamente.
E se... Mas e se... E talvez se... De possibilidades se fazem os sentimentos/pensamentos, mesmo os que agora tornam-se palavras neste escrito. Mas e se for verdade? E se não for dessa forma? E se for engano? E se for assim mesmo? E se o amor ainda...? E se amar for mesmo um processo cheio de "e se..." para que aprendamos a amar durante o seu transcorrer? E se para amar não existe cartilha de receita? E se amor é algo que a gente pode (re)inventa a cada dia? E se... E se...
Penso que tudo o que somos, fazemos, queremos, deixamos, alcançamos é fruto de uma escolha entre possibilidades tantas. Vivemos entre tantos "e se...". Somos consequências de inúmeros "e se...". Também nossos afetos e amores são frutos de certos "e se...". Os "e se..." podem ser dúvida ou possibilidade. Depende do que vamos elaborar a partir deles. De dúvidas e possibilidades edificamos a existência. E, obviamente, o amor.
Amar... Duvidar... Possibilitar... Três verbos abertos à inúmeras conjugações cotidianas.
Imagem capturada em:
http://www.cinemaemcena.com.br/ficha_filme.aspx?id_filme=9342&aba=detalhe
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