18 de julho de 2010

Por não estar lá


Lembro de acordar na cidadela da rainha do mundo e do menino mensageiro natural... Certo medo antes de adormecer e uma expectativa destemida ao despertar... Reluzente lembrança olhar ao longe o morro da igrejinha, onde as crianças vêem pousar anjos no entardecer.

A sensação é de querer ter estado lá mais uma vez, ser mais um menino compartilhando das mensagens de coisas naturais, entrar na casa da rainha, comer doce, (re)encontrar as doces pessoas que ainda trazem histórias inscritas nos seus corpos... Estar mais perto de quem (re)conta essas histórias com som de canção, faz arrepiar o coração e umedecer o olhar.

'Meu amor, cadê você? Eu acordei... Não tenho ninguém ao lado', diz Adriana nos seus "esquadros" e repito olhando para o travesseiro que dormiu comigo. Pedindo a atenção do meu olhar está a palma de minha mão, interrogando-me acerca de se estará meu destino escrito em suas linhas. Digo que gostaria tanto que estivesse e pudera eu saber lê-lo e interpretá-lo de ponta a ponta. Mas, apesar da intuição incomodativa, não sou vidente, e a única coisa que leio na palma da minha mão é um 'M', de Madonna, de Mãe... De aMor, de Mensageiro.

A 'outra estrada' de Flávio me mostra que... 'Faço por não saber o que virá ao acordar, que arde no peito o que resta pra sonhar... Peço, vem revelar o teu mistério em meu quintal! Pois, se deixo pista no meu caminho, já não há mais ilusão, então, deixo cair sementes da minha mão'. Peço sequência naquele passado dizer de amor oferecido. Me rebelo contra a sensatez, decido pular precipícios, repito teu canto de ofertório, semeio possibilidades de amar.

Enquanto ensaio vidências, ofertas, semeaduras e saudades, aguardo o som daquela voz, a imagem daquele rosto, o toque daquelas mãos, que também não sei ler, só beijar e deixar que me pintem, que me peguem.

Imagem: Wolney Fernandes
Trechos das músicas:
Esquadros - Adriana Calcanhoto
Outra Estrada - Flávio Venturini

Nenhum comentário:

Postar um comentário