28 de agosto de 2010
le temps davant
Não quero que o devir me tire do chão. Nem quero permancer sonhando com o que pode ser que virá sem que ainda tenha desenhado um gosto agradável. Hoje ainda temo lembrar.
Perceber meus traços em processo de maturação é ver o menino que deixei para trás. Por vezes o espelho ainda me mostra os brinquedos, o parreiral, o medo de entrar debaixo da casa, os bonecos de pano.
Toco meus lábios e sinto beijos. Acaricio meus cabelos e sinto perfume de dedos que me faziam dormir. Toco meu peito e presencio cenas suadas. Não desço a mão por saber que seu paradeiro poderá ser emblemático.
Não sei como estarei amanhã... Sedento? Sozinho? Sentado? Sereno? Sóbrio? Silencioso? Surpreso? Suspenso? Sumido? Sei lá... (R)estarei pronto ao meu devir que ainda deve vir e ao qual devo ir.
Foto: Odailso Berté
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