4 de setembro de 2010

learn to be lonely


Às sete da manhã os caminhos ainda estavam desertos. Ele, 'o fantasma da hora', atravessava a rua com o motivo corriqueiro de comprar pão para o café. A sensação de estar só, naquele momento, mesmo à luz dia, o fez filosofar perante os pães.

Sua insistência em permanecer naquela problemática afetiva desgastada seria por medo de aprender a ser só? O temor da solidão poderia ainda ascender aquela antiga premissa 'eu preciso ser amado'? Será que a necessidade ardente de afeto estaria ligada a algum entrave ocorrido no momento em que ele deixava de ser um (a)feto? Onde poderia residir o nó dessa insegurança?

A auto-estima do mascarado parecia estar calejada. O fato de não conseguir se desapegar demonstra que nele as relações estabelecidas se alicerçaram de modo sólido e verdadeiro, não em um terreno de areia. Porém, diante de tantos enganos, desconsiderações e imaturidade, por que seguir querendo?

O café foi rápido, até a fome parecia abandoná-lo. Suas dores de cabeça pela má postura, sua e de outrem, sentavam a seu lado e montavam nele. De um modo torto ele ia aprendendo a cultivar momentos de inteira entrega a si próprio como companheiro... Deixando de gostar para não mais se desgostar... "Learn to be lonely..."

Escrito a partir da música "Learn to be lonely" do filme "O Fantasma da Ópera", composta por Andrew Lloyd Webber.
Foto: Odailso Berté

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