12 de setembro de 2010

Sex and that City


Estaria correto o dito popular de que só percebemos o valor de algo quando o perdemos? Será que nós humanos precisamos primeiro experimentar para daí tecer as compreensões? Só depois de sentir na pele saberemos o gosto?

Pode ser que não seja assim, de modo geral, para todos, mas algo disso procede. Me descubro hoje, apaixonado pela cidade que deixei. Nossa convivência durou apenas um ano, mas estava tão preocupado com decisões pessoais que não dei a ela a chance de se dar a conhecer.

Zombei dela, acreditando que ela era o motivo da crise que vivia naquele período, todavia, ao contrário disso, percebo que foi ela que me deu as condições de perceber o rumo que de fato me cabia trilhar.

Não desfrutei de sua beleza, não me deixei tocar por seus formas, pouco andei por seus caminhos arborizados, caçoei do seu semblante ‘capital com jeito de interior’. Como o passado sempre nos alcança, hoje me dou conta de que a virada que empreendi começou lá e eu não soube respeitar aquele momento crítico.

Neguei seu abraço e corri para minhas seguranças. Quando disse que nada aconteceu de bom pra mim lá, fui inerte ao ambiente, desconexo, não deixei o tempo dar-me o tempo necessário para que a mudança cumprisse seu tempo de gestação. No embaraço, fugi de seus braços.

Hoje, noutra cidade que não faz jus ao seu nome, pois em nada me salva, percebo onde é que o sonho mora. Seriam só problemas de adaptação? Não, mas sim de adequação e predileção. Limitado por minhas próprias escolhas e alheio ao que realmente importa, descrevo a mim mesmo essa paixão interurbana e me contento em tentar uma reaproximação por vias tímidas.

Dos cremes, caldos e coxinhas. Das calçadas, parques e vilas. Das lojas, sebos e shoppings. Das chuvas, calores e poeira. Dos cinemas, danças e estudos, quero com paciência provar o gosto, namorar cada detalhe e fazer amor com aquela cidade. Tarde não significa nunca, e talvez, agora, eu volte mais maduro, como a cidade merece.

Nossa canção tocou na hora errada, mas meu desejo acanhado só pede um novo tempo para uma franca amizade. Meu romântico e descompassado coração pede seu alento para efetivar e afetivar a mudança que você, cidade, me ajudou a empreender. Você me apresentou o amor. Acredito que nosso caso terá várias temporadas e, quem sabe, filmes também. Pelo menos é o que me inspira o recado, entregue por mãos pedagogicamente confiáveis:

“bju de goiânia que tbém sente saudades de vc.”

Escrito ao som de "Sex and the City Theme" - Groove Armada
Imagem capturada em:
http://guilhermeribeiroimoveis.blogspot.com/p/uma-cidade-modelo-goiania-go.html

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