Revista Trip - out/2011
Filme Como Esquecer (2010)
Os homens e mulheres das imagens acima parecem criminosos?
Talvez outros/as, que vivem a mesma situação afetiva, possam ser. Mas, via de regra, uma coisa não quer dizer a outra.
Numa reportagem apresentada em 08/11/2011, Jornal Anhanguera 1ª edição - Goiânia, foi relatado o caso de um segurança preso e acusado de violência sexual contra menores, roubo, porte ilegal de armas e de distintivos oficiais, etc. Junto da barbaridade do crime, um pormenor no discurso da repórter pareceu inquietante. Diante de uma das fotos apreendidas, em que o acusado aparece vestido de mulher, a seguinte frase: "E aqui, nesta outra foto, ele aparece travestido e inclusive ele assume, realmente, ser homossexual e talvez isso até explique um pouco dessa perversão toda." Será???
De forma alguma gostaria de desqualificar o trabalho desta competente rede televisiva que diariamente leva informação para dentro dos lares de Goiânia e região. Apenas, a partir dessa fala, proferida por tantas bocas e em tantos lugares no dia a dia, pensar acerca de certos equívocos, desinformações e preconceitos ainda muito arraigados nas nossas atitudes, falas e posturas em relação aos homens e mulheres homossexuais.
A frase refere-se ao autor desses crimes hediondos, mas a condição afetiva "ser homossexual" diz respeito a tantos outros homens e mulheres que não são criminosos e nem pervertidos. E essa má associação entre uma coisa e outra pode reforçar preconceitos e atos violentos contra esses homens e mulheres.
Homossexualidade não é, em hipótese alguma, explicação para pedofilia, perversão, estupro e demais atrocidades. Dependendo de cada situação, caso, pessoa, pode haver possíveis relações entre tais questões. Da mesma forma e na mesma proporção com que a heterossexualidade pode estar associada a tais questões. É errônea a fala equacional: homossexualidade = pedofilia + estupro... Se fosse verdadeira, então todos os homens e mulheres homossexuais deveriam ser bandidos, estupradores, pedófilos, etc.
Pedofilia, estupro, violência, entre outras atrocidades, são atentados à vida, são crimes que devem ser combatidos, e os praticantes de tais atos, orientados e tratados com providências devidas. Agora, quando falamos de homossexualidade, trata-se de uma das formas que os seres tem de se relacionar, um dos modos de viver a afetividade e a sexualidade que, em princípio, nada tem a ver com a questão acima.
Os estudos de Luiz Mott, André Musskopf, Maria Berenice Dias, William Cesar Castilho Pereira (Antropologia, Teologia, Direito, Psicologia), entre tantos outros, têm auxiliado na compreensão do que seja a característica humana (e de outros seres) da homossexualidade. Fomos educados por uma sociedade cristã-ocidental dualista, branca, patriarcal, sexista e heteronormativa. Todavia, informar-se, aprender e respeitar são modos possíveis de desfazer preconceitos, atitudes e discursos homofóbicos - que também podem ser considerados atentados contra a vida.
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