23 de novembro de 2014
SEDANCE - pés firmes e provocadores na estrada da dança
Em junho de 2014, quase um mês após ter chegado na Universidade Federal de Santa Maria/RS, como professor do Curso de Dança - Licenciatura, iniciamos as projeções e primeiros insights para este que seria o I SEDANCE - Seminário de Dança, Contemporaneidade e Educação. Superando nossas expectativas de ser um 'evento caseiro', o SEDANCE, entre os dias 21 e 22 de novembro de 2014, aproximou bailarinos, coreógrafos, professores, estudantes e pesquisadores das cidades gaúchas de Santa Maria, Pelotas e Porto Alegre e também de São Miguel do Oeste/SC, Campinas/SP e Goiânia/GO.
Com sua larga competência e sensibilidade, a Profa. Dra. Márcia Strazzacappa nos brindou com instigantes reflexões sobre o artista-docente e os tantos processos artísticos, pedagógicos e institucionais que integram o fazer-pensar dança na Universidade. Com sua habilidade e simpatia, o Prof. e Coreógrafo Jean Guerra, nos fez dançar e suar no curso sobre práticas artísticas e pedagógicas no campo das danças urbanas.
A tarde do dia 21 de novembro ainda foi repleta de compartilhamentos, trocas de ideias e questionamentos em torno de diferentes pesquisas em dança. Os grupos temáticos congregaram trabalhos sobre processos pedagógicos, criativos e questões contemporâneas sobre corpo envolvendo os campos da saúde, da cultura, da arte e da educação. Instigantes provocações emergiram no sentido de (re/des)construirmos formatos acadêmicos enrijecidos a partir das mobilidades e performatividades do campo da dança.
A noite do dia 21 acentuou o caráter artístico do I SEDANCE trazendo para o palco do Teatro Caixa Preta da UFSM coreografias de diferentes grupos, bailarinos e coreógrafos, comentadas pelos professores e coreógrafos Carlise Scalamato, Jean Guerra, Márcia Strazzacappa e Sílvia Wolff. Propostas coreográficas ousadas, provocadoras e emocionantes denotaram a diversidade de possibilidades para se criar, pesquisar e questionar os fazeres contemporâneos em dança.
Nem mesmo a ameaça de chuva impediu que, no dia 22 de novembro, o I SEDANCE parasse o trânsito do centro da cidade de Santa Maria, junto da Muovere Cia de Dança dirigida pela Professora e Coreógrafa Jussara Miranda, de Porto Alegre/RS. Com o projeto DESVIO - ganhador do Prêmio FUNARTE Artes na Rua (Circo, Dança e Teatro)/2014 - que integra intervenção urbana, oficina de dança e espetáculo, a Cia Muovere interviu no cotidiano do centro da cidade, dançando e fazendo os congressistas do I SEDANCE dançar em plena avenida, sobre a faixa de pedestres. Um ato político-estético de provocações impactantes que (con)fundem arte e vida evidenciando a potência da dança contemporânea e suas interpelações ao ensino - criação - pesquisa em dança, conforme propunham as intenções do I SEDANCE.
Na tarde do dia 22, com a coordenação da Profa. Dra. Daniela Castro (UFPel), o I SEDANCE abrigou o I Encontro Estadual dos PIBIDs Dança do RS, reunindo docentes e estudantes gaúchos em torno de reflexões e vivências acerca de práticas interdisciplinares para o ensino de dança na escola. Na sequência, as apresentações de pôsteres sobre pesquisas possibilitaram um panorama das ações artístico-pedagógicas do PIBID Dança desenvolvidas em diferentes contextos gaúchos.
O encerramento desses dois dias intensos de muita dança, pesquisa e possibilidades para o ensino de dança e atuação do artista-docente, não podia ter sido mais encantador. A Muovere Cia de Dança fez do gramado traçado com cal, ao lado da Reitoria da UFSM, o palco para a apresentação de dança em cena aberta DESVIO. Participantes do I SEDANCE e habitantes de Santa Maria que visitavam o campus da UFSM foram brindados com a perspicácia, a sagacidade, a ironia e a provocação de Diego Mac, Jussara Miranda e os bailarinos da Muovere. Risos, emoções e reflexões sobre tantos e diferentes trajetos, pegadas, indicações, caminhos e formas de mobilidade deixaram a certeza e vontade de querer fazer, ver e dançar "it again".
E assim, tantas provocações trazidas e emergidas no I SEDANCE permanecem repercutindo nos corpos. O SEDANCE (de)marca com afetos, movimentos e rastros de cal na grama, a vontade e o ímpeto do Curso de Dança - Licenciatura da UFSM de fazer-pensar dança em diálogo com a contemporaneidade, com os corpos e danças que vêm para a Universidade aprender e ensinar, construir e expandir a dança enquanto arte e área de conhecimento. Temos muito o que dançar e para isso, muito me animam as palavras da Coreógrafa Jussara Miranda acerca de sua participação no SEDANCE: "Realizado artesanalmente e a quatro mãos e braços alunados, o SEDANCE colocou-se na estrada da dança com pés firmes e provocadores, sem medo!"
Prof. Dr. Odailso Berté
14 de julho de 2014
(in/re)flexões sobre uma mostra de dança
De 'um filme, um objeto, um círculo, um quadrado', para uma 'torta de amora', um 'stillo' ousado, um 'aripuruc' lindo como 'a mesa verde' do querido Jooss... Algo 'moderadamente lento, seresteiro' beijou-me os olhos ao passo que algo 'orbital' mudou-me o foco... 'Me deixe ver seus olhos' foi um singelo pedido em forma de movimentos que, sim, entre lágrimas transportou-me para outro modo de ver 'a olho nu'. Com 'vela sobre água' senti-me instigado, tocado por 'alguma coisa nossa' que, entre 'concepção urbana' e 'corpo nordestino', possibilitam pensar-dizer, aqui, algo do que lá senti.
Prestigiar formas de organização coreográfica, perceber diferentes modos de composição e interpretar diversificados caminhos e afetos que podem ter desencadeado processos, são ações viáveis quando nos deparamos com trabalhos pungentes de significações. Me refiro aos trabalhos apresentados na I Mostra Artística dos Alunos dos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Dança da Universidade Federal de Santa Maria, no Teatro Caixa Preta, em 10 de julho de 2014.
Complexidades, cotidianidades, musicalidades e culturalidades se transfiguraram na cena e possibilitam-me ver a(s) dança(s) como imagens do e no corpo que podem aludir e iludir, agradar e agredir, imitar e limitar... Os modos de ver e compreender a dança são tão infindos quanto os modos de vida que com ela se relacionam, ou seja, quanto os corpos que assistem/percebem os corpos que dançam.
Trabalhos como 'a olho nu', 'aripuruc', 'torta de amora' e 'moderadamente lento, seresteiro' produzem uma densidade cinestésica, acometem a imaginação e desdobram diferentes ideias acerca de relações interpessoais, de desejos e escolhas que conformam subjetividades. 'Um filme...', 'vela sobre água' e 'orbital' são construtos coreográficos instigantes que provocam o pensamento deixando reticências poéticas, vontades de ver mais.
'Alguma coisa nossa' e 'corpo nordestino...' atentam para traços celebrativos, festas do corpo que estão tão dentro quanto fora, no quarto e na praça, no eu e no grupo. 'Stillo' assalta a percepção ao borrar fronteiras de feminino e masculino, ao desfilar no palco uma política queer, ao esboçar reposicionamentos de discursos, gestos e imagens da cultura pop muitas vezes taxada de mercadoria alienante por certos discursos acadêmicos tão enfadonhos e deterministas. 'Me deixe ver seus olhos', 'partida' e 'por bendizer-te' sugerem diferentes modos de lidar coreograficamente com a singeleza, a serenidade, a saudade, sentimentos/afetos tão dignos quanto os pensamentos/ideias.
Entre processos e produtos, construções e construtos, aqueles corpos mostraram seus feitos, ações que estão se fazendo, outras ainda por fazer e/ou refazer. A potência e a perspicácia desses jovens dançarinos alargam as possibilidades de constante (des/re)construção da dança como arte e área de conhecimento. Dos trabalhos não citados aqui, não significa que não tenham excitado a percepção e a imaginação, trata-se apenas das diferente formas de eloquência, dialogicidade e interação que, no conjunto, proporcionaram.
Diante desses instigantes potenciais, emergem sonhos, projetos, produtos e outros processos ainda em devir. Renova-se uma escolha que em momento algum deixa olhar pra trás como forma de arrependimento. Escolher a dança como projeto de vida, área de atuação, modo de comunicar-se com o mundo, fortifica-se diante de danças assim.
Odailso Berté
Coreógrafo e Professor de Dança
Doutorando em Arte e Cultura Visual
Mestre em Dança
Especialista em Dança
Licenciado em Filosofia
Foto: Giacomo Giacomini
Dançarinos: Amanda Silveira e Crystian Castro
20 de março de 2014
Entre brumas, cores e estrelas, a magia de um carnaval
Nos dias em que me encontrava absorto e meio
embevecido principiando a leitura da obra O Tempo e o Vento, há uns trinta dias
atrás, um convite me foi feito: criar uma coreografia de comissão de frente
para o desfile de carnaval de uma Escola de Samba da terra de Erico Verissimo. Mal
sabia eu que as palavras iniciais de Erico em sua saga referindo-se a “uma
noite fria de lua cheia” onde “as estrelas cintilavam sobre a cidade”,
ganhariam um sentido todo especial na noite envolta em brumas na qual a Imperatriz
completou a figura de seu hexágono dourado de estrelas.
Para compor a coreografia em torno de um caldeirão
mágico que enredava os primórdios da história da maquiagem, busquei inspiração
nas palavras de Marion Zimmer Bradley e nas imagens de Uli Edel quando estes,
em forma de literatura e cinema, desvelam aos nossos sentidos “As Brumas de
Avalon”. Poéticos gestos dos magos Morgana e Merlin enfeitiçaram a composição
coreográfica que, junto ao belo contexto de toda a Escola, levou para a avenida
do samba um espetáculo cheio de encantos, cores e movimentos.
O mergulho na noite fria de 15 de março de 2014
tornou-se literalmente mágico e misterioso quando, ao sair do pavilhão e descer
a rua do Parque de Exposições rumo ao sambódromo, notei que tudo ao redor
estava envolto por uma densa neblina branca. Era como se as brumas da lendária
ilha de Avalon tivessem ressurgido e acampado ali naquele lugar, trazendo
consigo as bênçãos, o poder, a mágica de Merlin e Morgana. Um misto de prazer e
agonia invadiu-me, uma mistura de adrenalina e nervosismo à flor da pele, ganas
inquietas de, bem como ‘Rainhas que à noite se maquiam’, fazer lindas ‘bruxarias
na avenida’ em forma de dança.
E foi uma noite memorável onde magos, belos
faraós, gueixas, samurais, uma mulher do povo Na’vi, Drag Queens e tantos
outros corpos/personagens cheios de brilho e swing aquarelaram fantasias desfilando
entre templos, portais, pontes, dragões, ônibus prateados e sapatos alados. Em
plena avenida, olhava acima do caldeirão e via os suntuosos faraós – os humanos
que dançavam escalando uma pirâmide e os alegóricos que repousavam sentados com
as mãos pousadas sobre as pernas. E acima destes, as brumas, frias, brancas, densas,
abraçando, envolvendo aquela imensa plêiade de corpos que preenchiam a avenida
do samba fazendo seu espetáculo, carnavalizando sonhos, risos, cores, desafios,
o suor de muito trabalho e a superação de obstáculos.
Mais um ciclo foi concluído e a Imperatriz,
que majestosa se veste de vermelho e branco e é aclamada pela carinhosa
comunidade da Zona Norte da cidade de Cruz Alta, recebeu mais uma estrela
dourada para adornar sua coroa. Memoráveis são os momentos que experimentei
junto daquelas estrelas humanas, pessoas brilhantes que formam esta agremiação
carnavalesca. Cada uma dessas estrelas soube, a seu modo, cintilar, sorrir,
acolher, trabalhar junto, dar a mão, um beijo, um abraço ou somente demonstrar
um ímpeto para abraçar, beijar, estar próximo. No vermelho da paixão do
carnaval e no branco pacífico das brumas que naquela noite nos envolviam, paira
em meu entorno uma saudade sussurrando lembranças lindas ao pé do ouvido,
dizendo que sonhos, magias, encantos e afetos são reais quando pessoas se
juntam, superam obstáculos e constroem espetáculos para emocionar a outros.
Odailso Berté
Coreógrafo, professor e pesquisador em dança contemporânea
Doutorando em Arte e Cultura Visual - UFG
Mestre em Dança - UFBA
Especialista em Dança - FAP
Licenciado em Filosofia - UPF
25 de fevereiro de 2014
Nem tudo que reluz é ouro - Carnaval 2014
Desde o ano de 2006 tenho
participado do Carnaval de Rua de Santo Ângelo/RS como coreógrafo de Comissão
de Frente e de 2013 em diante tenho também experimentado a responsabilidade de
ser carnavalesco e propositor de tema-enredo. A prazerosa satisfação de fazer
parte disso vem da certeza de integrar um processo de criação desafiador e
fértil que, mesmo sem tanta tecnologia e certas exuberâncias (vindas de fora),
mostra à comunidade santo-angelense um desfile de carnaval inédito e
genuinamente missioneiro, feito por nossa gente. É o que tem feito, a meu ver,
a Escola de Samba Acadêmicos do Improvizo ao longo desses anos.
Odailso Berté
Coreógrafo e Professor de Dança
Doutorando em Arte e Cultura Visual - UFG
Mestre em Dança - UFBA
Especialista em Dança - FAP
Licenciado em Filosofia - UPF
Observando e integrando o
desfile do Carnaval de Rua de Santo Ângelo de 2014, atitudes de integrantes
deste evento bem como as comoções provindas do resultado da apuração que deu à
Acadêmicos do Improvizo o título de tetracampeã, me trouxeram instigantes
reflexões e questionamentos. Agremiações carnavalescas mais tradicionais,
acostumadas ao título de campeã em épocas mais remotas e sem a competitividade de
hoje, obviamente tem dificuldade em assimilar derrotas consecutivas. Normal,
nós humanos somos assim. As fórmulas antigas de se compor um tema-enredo e
consequentemente um desfile de carnaval, nitidamente não vem mais dando certo.
Há que se inventar novos jeitos de tecer e tramar os fios que costuram um
tema-enredo. Desde a técnica artística usada para uma Comissão de Frente ao galão usado
para detalhar as alegorias de uma carro, todos devem estar imbricados de modo a
traduzir visualmente o tema-enredo e não a enaltecer a si próprios.
Por ter sido o divisor de
águas entre o 1º e o 2º lugares do Carnaval 2014, o quesito Comissão de Frente despertou
diferentes interpretações e muitas falas infundadas. Enquanto profissional pós-graduado
da área de artes e dança (Especialização, Mestrado e Doutorado), com o devido
respeito aos avaliadores vindos em anos passados, percebo que neste ano tivemos
para o quesito Comissão de Frente um avaliador diferentemente formado e qualificado
para desempenhar tal função. Quem mais que um profissional da área de dança e
artes cênicas (ator, dançarino, coreógrafo, professor, integrante de importantes carnavais) para entender de corpo,
movimento, expressividade, composição coreográfica, uso de elementos cênicos e adequação de
figurinos no contexto do carnaval?
Tenho especial afeto pelo
quesito Comissão de Frente, pois foi ele o caminho que me trouxe para o carnaval.
Manter nota 10 neste quesito em todos esses anos de carnaval tem sido um
trabalho desafiador e prazeroso. Penso que a nota vem como consequência da
criação, da sua execução na avenida, da coerência artística e temática e dos
pontos de vista com que o avaliador interpreta aquilo que lhe é mostrado,
seja na sinopse seja na apresentação. A formação a partir da qual executo as
Comissões de Frente que tenho criado ao longo de nove anos em Santo Ângelo vem
da dança contemporânea, que não é um conjunto de giros, saltos e passos prontos como em outros estilos de dança ou técnicas artísticas. Mas sim, um modo, um
caminho, um jeito de pensar e fazer dança mais aberto àquilo que o corpo, ou seja, a
pessoa quer dizer/comunicar por meio de seus gestos e movimentos. Formado neste
pensamento e prática de dança, ao criar uma Comissão de Frente, antes de giros,
saltos ou outros virtuosismos, me preocupo em como os movimentos
traduzem ou estão conectados ao tema a ser contado. Pois, como toda a Escola de Samba, a Comissão de Frente
tem algo a ser comunicado. Nessa história a ser contada, saltar por saltar,
girar por girar, por mais virtuoso que pareça, não garante coerência e conexão
entre tema-enredo e coreografia. Nesse sentido, penso que a técnica (de dança, de teatro ou outras artes) não deve se
sobrepor ao que precisa ser dito e traduzido em forma de movimentos,
representações, alusões, simbologias, etc. Há que se contar bem uma história
com movimentos contextualizados, figurinos característicos e funcionais e o
adequado uso de alegoria.
Penso que um avaliador de
carnaval não tem a obrigação de conhecer em extrema profundidade todos os temas
que cada uma das escolas de samba irá apresentar na avenida. Os avaliadores não
são “especialistas em generalidades” e nem têm a função de ler os mesmos livros
que eu digo ter lido para criar o tema-enredo e nem saber em pormenores os detalhes da história que eu,
enquanto carnavalesco/coreógrafo/compositor/Escola de Samba vou contar na
avenida. E aí está a sabedoria do carnaval: enquanto Escola de Samba,
Coreógrafo, Carnavalesco, saber contar bem o tema-enredo, traduzir
de modo claro e esteticamente bem resolvido a proposta temática. Nas funções do
avaliador, com sua experiência, vivência carnavalesca, embasamento e formação profissional, está a
missão de ler a sinopse apresentada pela Escola de Samba e perceber se a
execução feita durante o desfile é condizente e coerentemente conectada com o
descrito. Se a prática performada no desfile condiz, enaltece e está imbricada
com o discurso declarado na sinopse, é bem provável que a nota 10 será mantida.
Pois, a título de informação, cada Escola de Samba já entra na avenida com nota
10 em todos os quesitos e vai perdendo pontos a depender das falhas e/ou
incoerências que pode cometer ao longo do percurso.
Em um desfile de carnaval e
em tantas situações de nossas vidas, nem tudo aquilo que brilha é joia rara, nem
tudo aquilo que titubeia sofre uma queda e nem tudo que parece mais simples é
digno de desprezo. Eu aprecio plumas e paetês, todavia, para além disso, um
desfile de carnaval se faz, em grande parte, da coerência entre todos os
elementos que o formam. E volto a enfatizar que, o galão e o acetato que decoram
um carro, o tecido que estrutura uma fantasia ou a técnica artística que compõe
uma Comissão de Frente não devem se sobrepor ao
tema-enredo, à história que a Escola de Samba tem que saber contar/cantar/performar/dançar
de modo plausível para os avaliadores e para o público.
Que venham muitos
carnavais. Que esta festa e espetáculo popular se enraíze cada vez mais nas
Missões e forme uma cultura de adesão e compreensão do que ele realmente
implica e significa. Talvez assim o olhar da comunidade e a compreensão do
público não permaneçam tão ofuscados por brilhos reluzentes e performances virtuosas
que por vezes agradam o olhar mas não garantem a coerência artística e temática
que deve estruturar um desfile de carnaval.Odailso Berté
Coreógrafo e Professor de Dança
Doutorando em Arte e Cultura Visual - UFG
Mestre em Dança - UFBA
Especialista em Dança - FAP
Licenciado em Filosofia - UPF
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