
Michael, vivido por Quinton Aaron, é um rapaz negro e obeso da periferia, tirado, com sete anos, da vida de riscos que vivia com a sua mãe. As várias instituições educacionais por onde passou atestaram-no como incapaz e deficiente no aprendizado. Em sua mais nova escola, ele que nada escrevia em sala de aula, certo dia escreve um pequeno texto intitulado "Paredes brancas", onde declara sentir-se impedido de aprender pois para onde quer que olhe, vê paredes brancas, professores brancos, lições brancas, normas disciplinares brancas...
Tal texto fora jogado no lixo pelo autor e encontrado por uma de suas professoras que, a partir disso, percebe que ele não é incapaz, que sua forma de aprender não era via escrita, mas via oral. Tal fato desafia os educadores a rever sua metodologia de ensino para levar em conta esse outro jeito de aprender.

Tanto o grupo de professores, que revê seus métodos para que a educação aconteça a partir da realidade do rapaz, como a família rica, que abre espaço em seus privilégios para compartilhar com o outro, instauram atitudes, que podem parecer utópicas atualmente, mas que suscitam perguntas acerca de como entendemos, ou, de quanto estamos abertos para a alteridade. Que espaço abrimos para o outro em nossa vida? Não só o outro agradável, mas aquele outro que exige meu esforço moral, afetivo e econômico. Deixando de lado as afetações religiosas de caridade, ainda vale a pena ser bom?
Apesar de que, ser solidário, hoje, pode ser perigoso, esse nosso lado cego, está um tanto afetado pela catarata do preconceito e da indiferença. E merece, não mais óculos escuros, mas um bom colírio, ou, um oculista especializado. Confiar nas pessoas ainda é viável? Ainda é possível reconher o outro?
Imagens capturadas no site Cinema em Cena:
Nosso lado cego é mais cego do que a gente acredita, pois pelo abismo da cegueira, os outros sentidos também parecem sucumbir! E a gente se afasta para não tocar e nem ser tocado, não sente mais os perfumes da realidade que vai ficando mais e mais difusa.
ResponderExcluirTuas palavras parecem pontes que atravessam da ficção para a realidade. Todas elas floridas com esse jeito peculiar de enxergar o mundo que eu gosto tanto.