20 de junho de 2010

Bolas em campo, sexo e a cidade

Me impressiona como, com a entrada das bolas em campo, a realidade toda se transfigura, pois, afinal de contas, é tempo de Copa do Mundo. O nacionalismo está à flor da pele. Talvez como em nenhum outro momento as pessoas se vestem do mesmo uniforme, se olham, sorriem umas para as outras, se abraçam, gritam, falam palavrões e bebem em comunidades verde-amarelas.

O jogo assistido funciona quase como um dispositivo "avatar", onde o corpo do espectador vive com tal intensidade a situação como se ele próprio estivesse jogando no corpo do jogador em campo. Misturam-se afetos e afetações. O que é real e o que é virtual nesse momento? É como se o torcedor pudesse alterar a habilidade do jogador com urros, berros, gritos, palavrões, gestos grotescos, de força e virilidade... Uma situação onde erotismo, libido e exitação se misturam por meio de sinapses neurais incalculáveis. É o tesão da copa...

A paixão avassaladora incendiada em meio à Copa, devora e ocupa o espaço de todos os outros pensamentos e atividades humanas. A cidade pára! O silêncio se instaura e só é rompido bombasticamente com os berros despertados pelo gol, com os urros menores de insatisfação pelos erros dos jogadores, e, é claro, com os palavrões escaldantes proferidos até pelos acadêmicos mais letrados. Mas, vamos nos alegrar, é tempo de Copa.

O calor quase sexual da Copa invade os espaços todos da cidade. Os corpos todos são tomados por esse desejo intempestivo, este tesão nacionalista verde-amarelo com o qual a pátria é amada e idolatrada, gozada e glorificada com lágrimas, suor, cerveja e outros líquidos. OH YEEESSSS!!!! As bolas estão em campo... Futebol é paixão nacional.

Imagem capturada em:
http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Selecao_Brasileira/0,,MUL1204851-15071,00.html

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