19 de junho de 2010

Sexo e a Cidade

Embora Carrie Bradshaw, a pesonagem vivida por Sarah Jessica Parker na série 'Sex and the city', me fascine por sua ousadia feminina comedida ao escrever sobre relacionamentos, não busco, aqui, dar uma de 'Oda Bertédshaw', longe disso. Mas os relacionamentos, o meu e os de quem me cerca, tem me inquietado e me levado a refletir acerca de como são estabelecidas as redes de relações afetivas/sexuais entre os pares. Quais as licenciosidades que os pares se permitem quando não estão próximos um do outro? Ainda é possível amar sem trair? Ou chegamos num estágio evolutivo de traição consentida?

Me pergunto em que lugar estou... Se sou resquício de um ancestral quase fossilizado que ainda sonha com relacionamentos duradouros, adornados de um querer mútuo que não deixa margem para olhares externos à relação? São esses outros modos de se relacionar, em que se troca carícias e orgasmos com outros parceiros e mesmo assim existe uma aliança firmada, que dão o tom do que é uma verdadeira relação?

A reflexão fica nas perguntas, nessas ditas e noutras tantas que com o passar dos dias as palavras conseguem dar forma. Não me entendo um sacerdote puritano em defesa dos bons costumes. Acredito que todos os amantes devem ser felizes a seu modo... Viva ao amor!!! Mas me preocupo em como ficam, de fato, por mais que não demonstremos diante das liberdades dos novos relacionamentos, nossos sentimentos/pensamentos em saber que o corpo/pessoa que amamos é divido, tocado, acariciado, consumido e gozado por outro corpo/pessoa alheio as nossas afinidades e intimidades? Como é aceitar, conscientemente, terceiros, quartos, quintos e tantos outros gozando da mesma relação, do mesmo amor, da mesma aliança? Ou devemos assumir uma suposta multiplicidade no amor? Podemos ser tantos quanto quisermos e com quem pudermos no amor?

Será que o amor chegou num estágio social (grupos) e não mais dual (pares)? Será que podemos pensar em afetos extendidos e não mais restritos e dirigidos a uma só pessoa? Será esse o verdadeiro instinto humano? Ou de fato amor é uma coisa e sexo é outra, que podem, ou não, estar juntos?

Nesta cidade, diante de tudo que tenho visto, sentido e vivido, sexo e amor parecem coisas que facilmente se adquirem e se perdem, dentro de um fluxo turístico e carnavalesco que se estende para além das datas específicas. Parece que o amor turístico, que apenas visita diferentes corpos, culturalizou-se.

Respeito "All the lovers", mas sigo acreditando em sexo e amor casadinhos, que se instauram numa relação a dois, de cumplicidades cotidianas e afinidades onde não há medos de ser o que se é. Ainda prefiro fugir da luzes das novas compreensões de amor, entendendo que ser um amante contemporâneo é olhar não só para as luzes, mas para aquele modo de amar que parece estar sendo deixado no escuro e nas sombras, que parece careta. Aquele modo de amar em que distância e tempo não importam, pois quando se está junto... É maravilhoso!!! Vale a pena esperar.

Imagem 1 capturada em:
http://bedtimestory.blogger.com.br/2002_11_01_archive.html
Imagem 2 capturada em:
http://www.dailymail.co.uk/debate/article-1213495/Death-honest-TV-product-placement-cynically-blurs-line-entertainment-exploitation.html

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