11 de julho de 2010

De quem acredita em jardins de afeto

Anos depois daquele 'caso' inventando, depois de ter jurado não mais cair nas ciladas afetivas, eis-me aqui outra vez, aos tropeços entre as lembranças, os presentes, os abraços, os beijos desse amor outro que ainda palpita no corpo.

O nervo segue exposto, não mudei, sigo passional, intermitente, submerso nas coisas que acredito... Aqueles amores de séries, filmes, músicas, poesias... Será coisa de artista ou de menino preso na infância?

Sigo ouvindo a música que embalou esses dias, que fala de amor e toque. Me contenho para não abrir a caixa que guarda cartas, imagens, um coração... Encantamentos que perdi. Sinto fome e quero me (retro)alimentar dessas recordações, mas, por mais que eu queira, elas não me trazem mais seu autor.

O tom de voz mudou, a poesia se esgotou, o corpo enrigeceu, aquela pessoa escapou... Só restou o signo: Gêmeos. Qualquer semelhança, mera coincidência?

Ainda não desisti daquilo que acredito ser verdade. Seja por fé, crença, tesão, necessidade ou insegurança, ainda sou discípulo do amor. E sei que ele não termina agora, me acompanhará por muitos e muitos dias. Das minhas verdades darei testemunho enquanto viver, mesmo se não for compreendido.

Lá na frente, quando nos vermos, apesar da seca e estiagem de agora, sei que ainda verei beleza, ternura, poesia, paixão... Desejos brotarão em mim, porque seguirão aconchegados em sementes no terreno desse amor fecundo, que ao pensar em você ainda germina e sonha dar flores, 'roxa e branca, da comum e da dobrada'.

Um comentário:

  1. Os esgotamentos se esvaem perante nossos sorrisos: a gente sorri de graça, e assim, docemente o controle se perde enquanto os sorrisos se encontram, e o céu se pinta de cores variadas, desfocadas - e mais, por favor, mais.

    Tem fórmula para conquistar um coração? Tem, se esse coração for o meu. Tem, na medida em que essa fórmula é uma não-fórmula, na medida em que ela se forma enquanto se descobre os ingredientes tão únicos e já básicos da receita:

    - 1 par de olhos da cor de tamarindo;
    - 5 dedos direitos, dali, ávidos por encontrarem 5 dedos esquerdos de cá;
    - 3 convites para ler livros infantins e de lá ver a lua, alta no céu;
    - 1/2 dúzia de medos bobos;
    - 3 casquinhas de sorvete de uva com abacaxi;
    - 3.217 afinidades desconcertadamente alinhadas e gracejantes;
    - 3 palavras bem compostas e dispostas, preferencialmente encadeadas na seguinte seqüência: "companheiro - amigo - amado."

    Voilá! Devagar os pés - aqueles, que já tornavam a se acostumar ao frio e duro chão - ficam leves, como querendo dançar, como querendo subir.

    "E há de se ter prudência e calma".
    Respondo a esse escaldado e melindroso interlocutor do lado de lá do espelho, que lhe entendo e respeito os calos, mas a ele defendo, como se a mim, porque eu quero experimentar a sorte de um amor com paradoxos visíveis: ao mesmo tempo sereno e intranquilo como borboletas risonhas turbilhando o estômago. Amor daqueles que nos fazem perder as estribeiras, rir de besteiras e escolher trilhas sonoras para fazer chegar presenças a um coração que pulsa a cinco fronteiras daqui.

    http://instantespossiveis.blogspot.com/2009/01/nao-formula.html

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