13 de julho de 2010

Um casal de pais


Quando a paternidade difere do paternalismo em gênero e afeto, a normose (patologia da normalidade) manifesta seu gestual moralista e seu discurso normativo. Dois homens gays podem ser pais? Que competências teriam eles para educar uma criança? Onde mora a perversão, no preconceito ou no amor entre dois homens?

"Patrik 1.5" (2008), filme sueco dirigido por Ella Lemhagen, narra o cotidiano de um casal de homens gays que tenta adotar um filho e conviver com a vizinhança do seu bairro. Um tanto distante do ideal que o casal desejava, o filho que lhe chega não é uma criança de um ano e meio, a qual poderiam educar e ensinar a respeitá-los, mas um adolescente infrator, violento e homofóbico.

A tragicomédia que se desenrola aproxima realidades opostas, onde os extremos, sem nenhum encantamento, vão se dando a conhecer numa relação em que importa deixar o outro ser quem ele é. Importa permitir que o outro assuma seus medos e enfrente suas vergonhas. Importa perceber que em dado momento, quando se conhece o outro e se dá a conhecer a ele, o (pre)conceito se torna inútil e infundado.

É prática comum o modo como os adultos ensinam as crianças a repetirem a palavra 'gay' como um palavrão vulgar para chingar e agredir outras pessoas. E é surpreendente um pequeno diálogo do enredo, quando um menino questiona um dos protagonistas:
- Você é gay?
- Sim.
- E o que é ser gay?
- É quando você ama outro menino.

Ensinamos as crianças a repetirem coisas, a reproduzirem palavras, a replicarem idéias sem ensinar-lhes o que, realmente, elas significam. Domesticamos, matamos, domamos e maltratamos os corpos, as identidades e as diferenças justificando esse conjunto de atitudes violentas como valores morais. O que, na verdade, são danos morais contra a humanidade. Causamos danos morais juntificando-os como valores morais!

Imagem capturada em:
http://www.cinemaemcena.com.br/ficha_filme.aspx?id_filme=10030&aba=detalhe

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