11 de agosto de 2010

por um vôo pássaro


Não sei se o meu eu em você percebeu, mas ontem abri uma nova gaveta, pois aquela, aberta a partir de você em mim, já estava cheia de si e eu dela. Muito embora, ela me faz doce, poético e apaixonado. Mas também sofrido, com um band-aid no rosto e um curativo no peito.

Penso em não mais guardar escritos nela. Pode ser que seja difícil, mas quero tentar. Deixando esse armário um pouco de lado, olho para fora. Vejo, ao longe, aquela rodoviária e minha despedida das férias em que já sentia uma lacuna mostrando as asas.

Dito e feito. Igual a um passarinho que fez um ninho e depois voou. Mas o ninho em mim seguirá quente, esperando o vôo pássaro de um eu para mim que pode vir ou voltar. Lentamente fecho o olhar. Fecho a gaveta.

Gavetas e ninhos... Metáforas que preenchem linhas e a imaginação que se (re)inventa para repaginar as laudas do humor, do jeito de ser, do cotidiano guia. Conforto esse (m)eu (im)pessoal querendo o frescor de asas que se acheguem para aninhar-me com sentidos e alentos.

Foto: Wolney Fernandes

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