30 de agosto de 2010

sentimento sem-teto


A cada dia experimento uma nova forma de estar no mundo. Hoje, tomando banho, fechei os olhos... Quando abri, uma impressão de amnésia estalou diante de mim. A percepção momentânea foi de não saber onde estava, qual era meu norte, onde estava a válvula para desligar o chuveiro.

Recomposto do susto de memória, fecho os olhos para a música entrar mais fundo. Sinto que preciso ocupar minhas entranhas com conteúdos, temas e situações que não sejam faladas ou escritas. Preciso de som, prazer e saudade circulando entre meus átomos. Nada em mim pode estar desocupado.

Parece que se assim não for, uma multidão em um se apossa do pouco que sou. Meu telhado pode não resistir à tormenta que se aproxima. Mas não recorrerei a nenhuma divindade, nem a ramos bentos. A perda se faz carne. Quero deixar a tempestade atravessar-me, romper meu telhado, ser todo (m)olhado, (des)locado a contento, sem telas, teias ou telhas.

Foto: Odailso Berté

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