18 de outubro de 2010

I want you so bad it's my only wish


Reconhecendo que, por vezes, somos borboletas inconstantes batendo asas num jardim cinzento, vemos a naturalidade com que ser ferido e deixar-se ferir acontecem numa cadência brusca e harmoniosa.

Noite e dia o vento da vida vai passando e transformando calma e habilidosamente as construções nossas de cada dia, as duras, as duradouras, as sentidas e as imaginadas.

Ao passo que leva, trás. Ao mesmo tempo que tira, põe. Outras mãos que, ao reparar os sorrisos ausentes no rosto da gente, tocam no lugar da fratura e parecem curar de um modo também natural. Bastava deixar-se tocar.

Cantar na janela, olhar-se no espelho e ver beleza, ter um momento de fama mesmo que o filme seja o triste relato da própria trajetória. Entre ser “Edie” e ser “Oda” pode haver certas ‘parecências’, principalmente, quando viver preso em si próprio depende de um toque.

Desejo único, árduo querer, intento íntimo de ainda ser feliz, amar e não ser só, pois não me basto.

Imagem pintada na camiseta do Oda (cartaz da peça teatral "Grey Gardens")
Foto e pintura: Odailso Berté

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