29 de outubro de 2010

It’s personal, myself and I


Há quinze dias um passo importante começava a ser dado. Sair, mover e ver eram os verbos de forte entonação. Decisão triste, todavia sábia, de dar as costas ao amor à moda antiga. Às vezes, em plena consciência, poucos e bons goles de vodka nos levam a lugares inesperados.

Optei por fazer algo em causa própria. E foi, justamente, dançando, que me movi em direção a um par de olhos que me fitavam com expectativa semelhante. Antes de qualquer formalidade em palavras, uma formalidade corporal teceu cumprimentos táteis, sensoriais e gustativos.

Decidi aceitar a proposição que me soou segura, dócil e atraente. Cor, pele e calor tramaram uma espécie de troca em que tecer redes de carinhos era o imperativo. Ficar, estar, ser, naquele momento, davam uma dimensão extra da humanidade que almejo.

Por acaso, necessidade, coincidência ou mera conveniência, os corpos cúmplices disseram sim sem nenhuma palavra. E desde então, micro-acordos vem sendo fundados pelo desejo que percorre os olhos que veem, as mãos que pegam, os lábios que tocam.

O que vai derivar disso, não sei, o futuro é sempre incerto para tudo, quanto mais para as questões afetivas de corpos humanos mutantes. No entanto, não há uma só parte do corpo que não deseje ser acariciada por aquele jeito incomparável e irrepetível.

De hoje para amanhã, só consigo pensar que o ‘extraguinho’ que tange meus ‘desacertos’ já consegue deixar saudade de algo que há tempos eu não tinha. Que a viagem dure pouco e que tudo o que desejo, nessa contra-partida, dure muito. Sem deixar que a saliência transpasse a consciência, acho tão bonitinho repartir e tão bom sentir tanto em tão pouco tempo, em apenas quinze dias.

Foto: Odailso Berté

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