11 de outubro de 2010

Sex and the Hope


Quando, no jogo do amor, perdemos duas partidas consecutivas, ainda vale a pena apostar?

Há momentos em que parece mais viável não acreditar outra vez no amor. A sensação de que a esperança foi embora estimula o ceticismo e aciona todos os sinais de alarme quando um suposto perigo amoroso se aproxima.

Sentir na pele a partida de um bem querer nos torna meio ateus diante das juras de amor. Ficamos alijados daquela vontade boa de estar aberto para um flerte, uma paquera. Medo e descrença tomam posse do terreno que antes era habitado pelo amor.

A experiência de se desfazer, dia após dia, de um grande amor deixa doido o mais plácido dos humanos, mesmo que esse não demonstre. Refazer a imagem da pessoa amada, ver seus lábios, seus olhos, seus gestos e calar a vontade de tê-los novamente, transforma nossa condição humana relacional.

Aos poucos vamos embrutecendo o jeito de ser, encarando a realidade como ela é e aprendendo que romantismos são mesmo coisas de poemas, contos, músicas ou filmes. Alguns chamam isso de amadurecimento, perda da inocência. Outros, de perda da esperança.

Construímos muros e instalamos alarmes, enjaulamos a esperança. Queremos ser seguros e fortes a partir de nós mesmos, em outras palavras, queremos ser independentes. Não mais depender de outrem. Não mais deixar que nossos sentimentos se dobrem diante de outro. Não mais friozinho na barriga. Não mais sofrimento e lágrimas por amor.

O amor se foi a levou junto nossa esperança. Seguiremos, de agora em diante, mais pessimistas? Ou seremos mais precavidos antes de entregar nosso coração? A esperança é a ‘única’ ou a ‘última’ que morre?

Amar e esperar são dois verbos que não ganharão conjugação por um bom tempo em nossas redações. Serão apenas palavras, sem gerúndio, particípio e infinitivo, sem tempo. Guardadas no dicionário de erros de pronúncia. Palavras de efeito, rebuscadas, adornos de poesia, recursos de retórica.

Em tempos de ‘Comer, Rezar e Amar’, o que acontece com quem acredita só no primeiro verbo?

Imagem: obra "Hope" de George Frederick Watts
Capturada em: http://www.paintinghere.com/painting/Watts_Hope_430.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário