12 de outubro de 2010

Amar Perder Esquecer

Retratos coloridos que, queimados, ficam pretos, retratando queimaduras no próprio corpo, ao som de “retrato em preto e branco”. Um grande amor vivido, mesmo que a necessidade de esquecê-lo traga dores físicas. Um gosto corporal pela chuva, mesmo que venham os 40 graus de febre.

Situações dramáticas, graciosas e acadêmicas adornadas com o sabor literário de temas e nomes como ‘Virgínia Woolf’ e ‘O Morro dos Ventos Uivantes’. Cotidianos que misturam arte, intelectualidade, romantismo e vulnerabilidade.


“O que é o contrário do amor? O ódio? Não, é muito óbvio. O contrário do amor é uma constante perplexidade ferida.” Tessituras, texturas e textos que soam a naturalidade das questões vividas por humanos que assumem a existência com todas as suas nuances. Seus problemas são coisas comuns a humanos comuns: amor, morte, trabalho, moradia, etc. Seus problemas não beiram as trágicas dúvidas sobre a (homo)sexualidade, isso é algo muito bem resolvido pelos personagens em imagens onde ‘ser gay’ não é problema, mas uma entre as tantas condições humanas.


Diálogos afiados e inteligentes tornam a probabilidade deprimente da situação um cotidiano onde, entre outras coisas, se vive, trabalha, ama, sonha e sofre. Uma comum unidade, um trio de trocas de afetos, desgostos e prazeres que se demonstram sob o mesmo teto. Paredes coloridas, uma casa adequada por gostos que se discutem ou se lamentam.


Um banho de chuva na noite, um amor perdido, um guarda chuva, um gatinho perdido... Um gatinho que aparece à noite miando na janela, nova possibilidade de amar que necessita reparos e alívios:

“(...) respirar como respiraria uma montanha, fundamente, (...) um alívio selvagem: não mais depender do coração alheio. Não mais olhar o relógio com angústia, quando um atraso pode significar desaparecimento. Não estar mais ligada por um fio invisível a um corpo externo a mim do qual dependia minha paz.”


Quando esquecimento e perda dão-se as mãos na tentativa de atenuar a ferida deixada pelo amor... Assim, o corpo vai entendendo aos poucos que “o amor é sempre um pacto contra o tempo”. E que, portanto: “Esquecer mais do que nunca será ter perdido.”


Ana Paula Arósio, Arieta Corrêa, Murilo Rosa, Natália Lage e outros, com direção de Malu de Martino, fazem do filme “Como esquecer” (2010), baseado no livro “Como esquecer: anotações quase inglesas” de Myriam Campello, uma obra cinematográfica natural, forte e doce, em imagens para ver e não esquecer que somos assim, humanos que amam.


Imagens capturadas em:
http://www.m-appeal.com/M-Appeal.com/our_films/Seiten/SO_HARD_TO_FORGET.html
http://www.cinepop.com.br/filmes/comoesquecer.php

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