30 de janeiro de 2011

(mu)dança de (per)curso


Às vezes queria ser livre de mim mesmo, me ver distante dessa bagagem acarretada no corpo, essa história de bom e mau gosto ao mesmo tempo.

Confesso, por vezes (e muitas), sentir-me cansado do que tenho aprendido, aquilo que, culturalizado, já cristalizou aqui no eu.

Queria eu extrapolar os saberes, mal-dizer os dizeres e dizer aos olheiros de plantão que estou pouco me lixando para sua moral rasa e pontiaguda.

Oxalá eu descobrisse uma porta no eu meu que desse para uma forma mais flexível de ser, menos sustentada em esperas bobas, cansativas inseguranças e céticas perguntas.

Queria ser aquele menino de oito anos outra vez, que acreditava em sorrisos, amava carinhos simplórios, almejava mãos brincantes e conduzia o passar dos dias como uma constante coreografia embalada pelas canções da infância, por invernos, aveias e garças.

Nem que fosse em sonho, num pensamento passageiro ou, quem sabe, em meio a um devaneio aluado... Assim queria eu, para não mais ter que encarar a insegurança que maquia-me a cara de dúvidas e medos.

Mas essa bagagem algoz não desgruda facilmente, continua a dotar de atrocidades meus afetos (o)fendidos ao meio e pelas bordas. Só queria um paralelo de mim, que me deixasse mais à vontade.

Foto: Igor Libório

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