2 de fevereiro de 2011

Biutiful, porque mesmo na dor forjamos beleza

O que mais se pode esperar da vida quando traição, doença, morte, negócio ilícito e incerteza quanto ao futuro dão os tons do enredo cotidiano? Em que é possível crer para não desesperar?


Biutiful, beleza em inglês (beautiful), escrito como se lê. O que pode haver de belo na vida se a lermos como ela é? Um pai ensinando o filho no dever de casa, sem ter certeza de como se escreve ‘beleza’, faz o seu gesto de afeto e cuidado ser a coisa mais bela do mundo. O que importa mais, a beleza carnal do gesto ou a forma de escrevê-la?


Cálidos diálogos entre pai e filha sussurrados no escuro da noite, misturando dores, ternuras e um adormecer que soa como descanso e despedida. Na lembrança de um anel, que passa de avó para neta, perpetuam-se sentidos de enlaces e amores entre familiares desconhecidos, mas que conseguem ascender saudades.


Um conto dramático e envolvente de um homem que, apesar de todos os pesares, empenha-se na tarefa diária de ser um pai afetuoso, seguro e próximo. Um pai que só conheceu seu próprio pai por meio de uma fotografia de quando este tinha 20 anos. A imagem de um pai jovem é o que ele guarda e acalenta na memória e na saudade.


Com a vida encurtada pela doença, seu desafio (mais próximo de um desespero controlado) é proporcionar cuidado aos filhos pequenos que não podem contar com a lucidez e o amparo da mãe, Marambra (Maricel Álvarez). Entre dúvida e tristeza, um anjo da guarda de asas morenas, também sofredor, pode afagar as dores.


Um dilema assim, vive Uxbal, extraordinariamente interpretado por Javier Bardem, no filme espanhol “Biutiful” (2010), dirigido e roteirizado por Alejandro González Iñárritu em homenagem ao seu pai, a quem poeticamente chama de 'velho carvalho'.




Imagens capturadas em:
http://www.cinemaemcena.com.br/ficha_filme.aspx?id_filme=7925&aba=detalhe
http://biutiful-themovie.com/photos
http://www.sosmoviers.com/2010/12/notas-de-produccion-biutiful/3/

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