13 de abril de 2011

Me olhando bem


Recordo poemas e crônicas de Martha Medeiros e me vejo meio desistindo e meio lutando pelo verbo amar. Difícil discorrer precisamente sobre ele quando a conjugação atesta incompatibilidades.

Lentamente, as coisas vão voltando para o lugar, ao soar canções de Daniela Mercury, ao sombrear imagens de vampiros, ao saborear sangue e mercúrio das feridas no âmago do afeto sonhado.

O ontem já não interfere nas conversas de amanhã e muito menos nos devaneios de hoje. Pelo menos não até agora. Depois vemos o que pode vir ainda...

Sem traje a rigor passo por ultrajes inofensivos e me ofendo ao desnudar minha consciência pelada de sonhos e peluda de medos.

Revivo lembranças do colo da mãe, da voz de Natasha, dos passos incertos de uma adolescência santa e inquieta, onde a dança ia e vinha sem dizer ao certo o que queria de mim.

Sou o mesmo com enfeites mais arrojados? A que diabos vendi minha alma? Será que tive alguma um dia?

Parabéns pra mim que, como Adélia Prado, me entendo "bicho de corpo", dançarino de área, amante de berço e dramático de carteirinha.


Foto: Odailso Berté

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