31 de julho de 2011
Keep holding on
"Continue suportando" é o que canta cada eliminado do reality show The Glee Project, assumindo a canção de Avril Lavigne como um hino do perdedor. Não sou parte de nenhuma competição, mas hoje essa canção me abraçou e me fez encarar as grandes perdas desses últimos dois anos.
Suportar a experiência da perda é um mal necessário, infelizmente. Acho que é assim, entre ganhos e perdas, que edificamos nossa humana vida. Infortunadamente, ao que se conhece, somos a única espécie que se preocupa com trabalho, existência, morte, perdas, amor, etc.
Hoje durmo com o sentimento de um homem que em dois anos não recebeu honra ao mérito no quesito amor. Já dizia Platão, na obra "O Banquete", que amor (Éros) é misto de pobreza (Pênia) e recurso (Póros). É perda e ganho, ausência e presença, agonia e prazer. E então o amor é dualista, é dissociável, é cartesiano, é desintegrado, é dicotômico.
Desconexo e desconcertado entre quatro paredes brancas, gela esse coração em solo baiano com um frio que vem lá do sul. Lugares trocados, saudades dilatadas, peitos partidos, substituições ofensivas. Por que ainda insistir nessas entregas exclusivas e passionais que dilaceram o juízo e infantilzam meus trinta e dois anos?
Questiono isso com veemência quase filosófica e gostaria que estivesse aqui antes que seja tarde demais. Ah, o que eu faria para te ter perto, equilíbrio meu, para tocar teu rosto e aliviar a perda que me cabe suportar. Suscetível como sempre, vou aprendendo o quanto custa afeiçoar-se e o quanto pesa admtir ser, outra vez, um perdedor.
Foto: Odailso Berté
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