29 de julho de 2011

VOCÊ


De tantos jeitos, gestos, carinhos, manias...

Que ao menor toque de uma lembrança, dispara o pensamento em projeções dóceis, tristes e insípidas.

Que no som ou na cor de uma carro que passa, trai minha atenção ainda acostumada com suas chegadas. Mesmo com todo esse tráfego, minha avenida vida ficou meio interditada.

Que na melodia daquelas canções, no princípio nossa trilha, se desenha em minha frente naqueles tons de criança incerta.

Que na penumbra da madrugada, ainda manifesta supiros e exala cheiros de lençol e travesseiro. Acordo, durmo, e sonho tudo de novo, mas o quarto já não tem mais tanto aconchego.

Que optou pela aventura em detrimento de um final consentido e leal até o fim, como tenho feito. O fim que demos com palavras não findou o querer.

Que deixou sem referência afetiva a grande parte de mim ainda apegada nos seus modos de ser.

Que escolheu fazer revanche com uma distância inventada, ferindo o lado de cá por tabela, abrindo concessões num departamento ainda constituido de cumplicidades.

Que permitiu com essa ausência, a aproximação de inimigos lícitos, companheiros inanimados e fumacentos.

Que se revesa em ações instaladoras de incertezas, forjando espaços de descontinuidade e desconcertando o coração já escaldado em feitos passados.

Que lentamente ainda me move a encadear palavras e sentimentos a seu respeito.


Imagem do video clip "Meet me halfway" (The Black Eyed Peas)
Capturada aqui.

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