22 de julho de 2011

Pensamentos cardíacos


Pelos meandros dos nossos sentimentos, podemos construir labirintos de açúcar, doces caminhos, esconderijos com odor de mel. Mas ao menor toque da chuva, essas paredes derretem. Somos assim, volúveis, vulneráveis, suscetíveis aos pingos de existência que acontecem por entre as nuvens da vida.

Quando o que passou se ascende na memória, tendemos a reviver instantes inesplicáveis, pedaços de amor repartidos entre as mudanças de percurso. Com as recordações vêm a desconfortável certeza de que outros já tocaram nas sensações íntimas que antes nos pertenciam com exlusividade.

Aleatoriamente os dias vão somando mais pingos de existência. Chovem fatos e lágrimas. Ventam saudades e olhares. E nas marcas dessa garoa de emoções, romanceada com vocabulário poético, emerge a rude ideia do fim. Como a espuma que morre na areia, lembranças acordam e adormecem no peito.


Imagem: detalhe da obra "As duas Fridas", de Frida Kahlo.

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