27 de julho de 2011
vinte e sete ponto dois
Hoje não consegui sair de casa, um número pesou nas minhas costas. Foi o vinte e sete que, mesmo faltando três para trinta, quantifica tantos significados antes somados, divididos, multiplicados, e, agora, subtraídos.
Assim que acordei, brotou, no canto do olho, uma gota, sem soluço ou bocejo. Ela escorreu riscando um "i" sem pingo no meu rosto. Ao passar a mão, borrei a letra e pensei numa música. Foi meio sem querer, movido por sentimentos infláveis que me deixam com um roxo de saudade misturado com mais vinte e seis cores que não quero elencar.
Tenho preferido fazer a experiência da perda, curar o vazio deixando que ele se manifeste na sua inteireza, pois, trata-se de um vazio que ocupa espaço. Burlá-lo com paleativos é como maquiar a realidade com uma pintura que escorre no primeiro banho. Assim, transparente e melancólico, o vinte e sete de julho pousa no pensamento como um dia que fica aqui, coçando no cantinho do olho.
Imagem capturada aqui.
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