31 de agosto de 2011

dias e dramas que vão passando


Se disserem que meus ditos estão muito sentimentais, concordarei em gênero, número, "igual". É que escrever sobre sentimentos, expondo-os, ajuda a organizar, a ver, a entender, a enxergar o quão patéticos ficamos. É uma vontade meio torta de escrever só para reler e rir sozinho inventando sentidos, tipo assim: "O xão da minha caza é muinto lizo".

Para certos ditos populares tenho encontrado sentidos quase literais, como aquele que diz: "Nada como um dia depois do outro". Assim foi, o dia 29 naufragou, de uma só vez, a lembrança do dia 27 e a decepção do dia 28. No dia 30, a sensação presunçosa de que foi de verdade. Às vezes só precisamos um pouco de projeção além dos limites para amadurecer mais um pouco e completar rituais de passagem.

Como um termômetro afetivo, esses escritos, pobres de rigores acadêmicos, vão organizando os tons do que vivo, da minha ciência particular. Ciente do que e de quem não quero mais em minha vida, pelo menos por enquanto, deixo flores pelo caminho, na sensação de que outros beijos e abraços venham abrandar essa humana necessidade de amar que, consumida, ainda quer existir.


Imagem: detalhe da obra "O veado ferido" (1946), de Frida Kahlo.

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