5 de agosto de 2011

O que me salvou


Tenho dificuldade em lidar com o fim. Começar sempre é mais estimulante. Quando assumo isso as pessoas costumam dizer coisas do tipo: "O fim é um recomeço". "Olhe tudo o que alcançou". "Assim é a vida". Etc.

Ninguém sabe o quanto me custa um final. Todos querem ser legais, mas tais palavras não amenizam dores, não secam lágrimas, não apagam lembranças, não desfazem um amor. Terminar é um ritual que consome meus argumentos, meu afeto, meu equilíbrio. Parece que em mim, as coisas não terminam, elas se desfazem oficialmente mas permanecem dilatadas no corpo, emitindo sinais sensoriais que mudam-me o ânimo e a temperatura.

Hoje pensando no que me salvou durante esse um ano e meio que passou, sei que essa experiência soteriológica se deu nos últimos sete meses. E foi ontem, em meio a uma entrevista que isso ficou evidente para mim. Quando questionado acerca do que mais me custou deixar em Salvador, respondi sem hesitar:

"O que mais me custou deixar foi uma pessoa que, mesmo quase dez anos mais jovem que eu, me mostrou que é lindo ser sincero, mostrar-se como se é, mesmo que isso às vezes pareça imaturidade."

Aos olhos de outrem isso pode soar clichê ou piegas, todavia viver uma relação sincera, em seus altos e baixos, dignifica, engrandece, faz o amor e o sofrimento por ele valerem a pena.

Emocionados, silenciaram todos e a entrevista findou, bem como esse dia que já se prepara para adormecer deixando-me duas perguntas da jovem Avril Lavigne:

O que eu faria para ter você aqui?
O que eu faria para ter você perto?

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