11 de novembro de 2011

(a)mar vermelho


Quando música, filme, metáforas e saudade se misturam, acontece algo como se o salgado do mar adornasse meu olfato limpando a orla para brisas frias de inverno que vão e vem num diálogo táctil.

Amor em vermelho, como em Moulin Rouge, que reconfigura canções de tantos ditos em um único enredo, para tecer idas e vindas de um romance impossível. Ou amor que perpassa por outras relações e permance até o leito de morte, por meio de recordações fatídicas que são as únicas provas de um romance profundo, como em Ao Entardecer.

Amor, esse termo absurdo, patético e absorvente, que por vezes parece a saga bíblica do Mar Vermelho, mítico, grandioso, digno de fé. Um impossível a ser atravessado para chegar à terra prometida, uma espécie de paraíso onde corre leite e mel, promessa infinita de felicidade.

Dessas imagens inventadas, permanecem aquelas provocadas por uma canção, The Sea, que fala das marés que me trazem pra casa. Amar de braçadas e ficar sem porto desola qualquer marujo, de primeira, segunda ou centésima viajem. Apesar de tragado, hei de manter a cabeça acima do nível da água, mesmo que o coração siga encharcado e essa contradição dualista invada o texto. Há sentimentos que eu deveria deixar para o mar...



Foto: João Dalla Rosa Jr. e Odailso Berté

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