20 de novembro de 2011

Sobre ruínas e o que pode o amanhã ser

As nuvens vão escurecendo lentamente. O azul e o cinza vão se misturando na ausência do sol que se despede ao anoitecer. Promessas de noite e chuva tomam espaço e um vento carinhoso beija meu rosto e sussurra que o tempo, em seu rotineiro movimento de "ir passando", deixa ruínas atrás de nós.



Ruínas que podem ser apreciadas por seus traços estéticos, por serem vestígios históricos, por conterem toques e guardarem gestos em segredo misterioso, velado e impingido em cores concretas, amortecidas pelos dias que se sucedem.



Ruínas adornam o sentimento de quem recorda passados, desenha futuros e, apesar dos olhos umedecerem de vez em quando, deseja que sorrisos, falas e beijos contornem os lábios para que esboços de felicidade floresçam entre as pedras.



Ruínas trazem saudade, medo do incessante tic tac, mas também encorajam a vontade de resistir, de manter-se firme apesar da fome cronológica do tempo, esse deus invisível e onipresente que a tudo envelhece.



Ruir, sentir, passar, lembrar, seguir... Verbos que se fazem carne quando pedaços de ontem atravessam o hoje e configuram aquilo que pode o amanhã ser.



Fotos da cidade de Alcântara - Maranhão

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