Ao ver a inquebrantável "dama de ferro" idosa, vivida pela inquestionável Meryl Streep, encerrar sua performance lavando um xícara e apreciando os sons do cotidiano, perguntas e lágrimas se juntam para desforrar uma série de aprendizados e sentimentos.
Essa mesma personagem, Margaret Thatcher (Primeira Ministra Britânica de 1979 a 1990), quando jovem, no ímpeto de mudar o mundo por meio da política, ao ser pedida em casamento, disse que não era mulher para passar a vida lavando xícaras.
Penso que a última cena do filme e enfática fala da jovem Margaret não se tratam de uma inocente contradição cinematográfica, mas de uma boa oportunidade para se pensar acerca de: público e privado, homem e mulher, política e família. A quem pertence o que? Quem deve estar aqui ou ali? Quem pode exercer essa ou aquela função?
Entre "falos" e "falas", a primeira mulher a exercer o cargo de Primeira Ministra Britânica experimentou a hostilidade machista para ser aceita como uma política respeitada. Dos políticos, assessores e secretários até a lembrança do falecido marido, a saga da personagem se desdobra em tolerar, convencer e se desvencilhar dos ditames masculinos. Fazer-se forte como eles para ser aceita.
Entre os compromissos políticos e os comprometimentos familiares, a dama de ferro, pérolas e xícaras faz uma travessia desafiadora. Esse caminho, ela desfia em memórias ao longo do enredo de imagens, acordando saudades, causas e perdas no imaginário do espectador.
Sob direção de Phyllida Lloyd, "A Dama de Ferro" (2011) narra a trajetória de uma mulher, filha de um quitandeiro, que deixou sua presença impressa no mundo ocidental. Marcas frias de um pulso firme e autoritário. Entre a demência e o autoritarismo, o poder e a fragilidade, se move a personagem absorta em lembranças.
Imagem capturada aqui.
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