4 de abril de 2012

I have nothing


Andei me perguntando com que corpo devo gastar meu verbo. Os dias andam comigo mas não respondem claramente minha interpelação. Convém fazer apelação, então? Ora "inter", ora "a", ando mesmo é pelado, nu com a mão no bolso, despido de amor.

Como metáfora, encarno a lei do terceiro excluído... É que aqueles dois já pertencem a outros dois. Assim me dizem as imagens, assim me dizem as chamadas. Mesmo que não sejam pra mim, articulo hermenêuticas sentimentais e percebo que só eu estou só.

Ainda sigo fazendo despedidas... Dos beijos, dos carinhos, dos gozos, dos filmes, das canções, das verdades e das mentiras, dos prazeres e das agonias. A leveza desse adeus decora os acenos que hoje já gesticulam sorrisos. Mas guardo ambos no corpo, num altar particular.

Parece que ainda não tive a sorte de vocês, ainda não estive na hora e no lugar certo. Talvez até já tenha passado por mim, mas não foi do agrado do acaso deixar a gente flertar. It's not right but it's okay.

Sem querer parafrasear Madonna, penso que meu filme, bem hollywoodiano, poderia se chamar "W.I.". Teria referências em "Nine", para tirar dos ex-amores um pinguinho de inspiração, só um pigmento de auto e hétero-expressão. Das suas iniciais eu tiro meios e fins, um roteiro denso e clean.

Ainda há uma cor que me faz esperar, adentrar mais em mim, do tipo... deixe estar... E a demora que agora mora em mim talvez um dia faça jus, trazendo um pouco do tudo capaz de empretecer esse nada.


Imagem: foto de Odailso Berté.

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