28 de julho de 2012

Batman, entre terroristas e rosas, morcegos e gatas


O que pode haver quando rosas crescem nos caminhos de morcegos, gatas e terroristas? Qual a medida e o limite da entrega de alguém em prol de uma causa, nação, povo? A que custos um homem pode se tornar herói?

O bem sucedido e nascido em berço de ouro Bruce Wayne (Christian Bale) divide sua vida entre ser o homem de negócios e festas da alta sociedade e encarnar a secreta identidade do herói homem-morcego. A máscara de Batman, como ele próprio sustenta, não é para se esconder, mas para proteger aqueles que ama.

A sedutora e nascida sem berço Selina Kyle (Anne Hathaway), alterna sua vida entre bancar a boa moça trabalhadora e ser a gatuna que alega roubar para comer e que se alia a bandidos quando preciso. Uma identidade felina de quem sabe agradar quando necessita, que teme diante do mal e treme diante do amor.

A ladra e o abastado dançam no mesmo baile. Sussurrando ao pé do ouvido, a gata arranha a consciência dele: "Acha que isso pode durar? Uma tempestade se aproxima [...]. Quando ela chegar, vão se perguntar como acharam que podiam viver com tanto e deixar tão pouco para o resto de nós."

Entre textos, imagens e metáforas que falam de nossa própria sociabilidade, das desigualdades sociais, do quanto podemos ser ideológicos e viver em torno de discursos inócuos, um terrorista insurge contra o poder local. Seu desejo é destruir a lendária cidade de Gotham usando como arma uma bomba atômica que os próprios ricos empresários criaram com o intuito humanitário de gerar energia sustentável.

Que doce ironia, quando o produto escapa das mãos do criador e ameaça destruí-lo junto de tudo o que ele mais ama. A Rosa de Hiroshima, cultivada pelos humanos, ameaça florescer para embelezar os seus túmulos. A rosa mostra seus espinhos, o morcego suas asas, a gata suas unhas, e o baile onde caem as máscaras abre o salão para a dança.

Dirigido por Christopher Nolan, "Batman: o cavaleiro das trevas ressurge" (2012), encerra sua magnífica trilogia e comove o olhar com uma bela humanização dos heróis. Redesenhados em contextos socioculturais que representam os problemas que hoje presenciamos, demonstram os dramas que os dividem entre cuidar de suas próprias vidas, seus amores e desejos, ou entregarem-se em prol de uma causa que pode custar sua vida.

Imagem capturada aqui.   

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