5 de agosto de 2012

Amizade em fase de teste


Alguns conhecidos, ao partilharem suas experiências com seus supostos amigos, por vezes me intrigam a ponto de mobilizar a vontade redativa. Talvez os tais supostos amigos nem reflitam com acuidade acerca do que dizem, talvez nem conheçam o sentido da palavra acuidade. E para pensar sobre tais ditos nem é preciso recorrer a Freud, Sócrates, Darwin, Jesus ou qualquer outro figurão. Os Backstreet Boys já fornecem pertinentes possibilidades reflexivas: Diga-me por que   (I want it that way); Mostre-me o significado de ser sozinho (Show me the meaning of being lonely).

Até que ponto um tema/situação assim merece atenção e a mobilização de reflexão e palavras? Qual seria sua reação se uma pessoa que você admira dissesse que a amizade entre vocês está em fase de teste? Nesta "admiração" não imagine uma paixonite boba, mas coloque ingredientes como bem querer, apoio, solidariedade, estímulo profissional, entre outros sentimentos, gestos, auxílios. Mesmo assim, a pessoa que você admira diz que está lhe testando.

Quais os pesos, níveis e medidas que podem estar sendo testados? Os ganhos, as possibilidades, os lucros que o outro pode favorecer? Relações seriam um tipo de experimento em que um sujeito neutro observa e pesquisa o outro/objeto para testar até que ponto este pode lhe servir? As relações seriam isso: experimentos premeditados, testes?

Um comentário curioso, do conhecido que passou por esse incidente, dizia que, tais amigos testadores, quase sempre, podem ser pessoas que usam de supostos sentimentos no intuito de adquirir, ganhar, obter, receber, angariar coisas/possibilidades/seguranças com a relação. Com o tempo se percebe que, como passam boa parte da vida apoiando-se em uns e testando outros, pouco constroem de sólido, que venha de seu esforço ou cooperação. Vão-se as relações/testes, vão-se os ganhos e as seguranças. E o que fica? Então diga-me, por que?

Será que para esse tipo de amizade vale o conhecido dito popular "antes só do que mal acompanhado"?

Sigo acreditando que as relações devem simplesmente acontecer, discorrerem pelo espaço-tempo, serem vividas como uma experiência que não tem cartilha, avaliação e revisão preestabelecidos. Eu prefiro desse jeito: os modos de ser/agir/sentir de ambos os sujeitos envolvidos vão mostrando limites, trocas, cumplicidades... Que não necessitam ser testados a priori, mas sentidos, experimentados e compartilhados ao longo da relação que é sempre algo processual.        

Imagem capturada aqui.

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