25 de agosto de 2012

Tietagens, preces e negações

 
As gotas quentes foram tocando-lhe a cabeça, encharcando os cabelos fio a fio. Pensamentos humedecidos, lembranças como unguentos escorrendo pelo corpo, molhados anseios, baldes de agua fria nas vontades. Desejos de escrita e representação, comunicado qualquer.

Não quis mais arregaçar as mangas, os 'nãos' que lhe foram dados em tão pouco tempo apontam a necessidade de ajuntar pedaços. Vendo-se como peixe e seu próprio pescador, apesar do banho, do suor e das lágrimas, encontra-se fora d'água.

Concursos, projetos, amores, furtos, compras... 'Nãos' encadeados como coreografia, sem entorno, sem fuga, sem arrego. Diretos, sem rodeios, cortantes. Bem mais que Pedro em suas míseras três vezes, negado, credo em cruz, agnus dei. Engolindo caroço de caju podre. Chateado com a academia que só faz é o povo engordar ao invés de ficar bonito. E, ainda, roubado, por ladrão infeliz e mequetrefe.

Os risos desses dias são contados com marca páginas rosa adornado com flor verde e amarela. Ele conta as folhas dos enredos da diva brejeira de Jorge Amado, puta e santa, cabrita e pomba, diva das dunas de Mangue Seco. Ela é quem lhe cochicha possíveis voltas, desgraças que podem frutificar ganhos nem sequer esperados. Eta, seria uma luz de Tieta?

O que ainda cabe a um cabrito, com porte de bode, que destrincha a idade de Cristo sem mistérios gozosos? Só terços dolorosos, em quartos sozinho. Melhor seria o quinto dos infernos, por segundos de paz e fogo... Velas perpétuas acesas, mais magras que a necessidade que o ronda. E ele é só um misto de cabrito e pastor que almeja um campo de aveia verde para dançar. Esse, o céu dos seus sonhos.   

Voltar? Rever o percurso de antes? Ou apenas entender um aparente regresso como parte do trajeto a seguir? Afinal, a vida não é tão linear como pretendem os clássicos historiadores. Dessas humidades, talvez outra cidade, da saudade, quem sabe felicidade. Se faz sentido pensar de modo rizomático: Amém! Que assim o seja.

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