28 de outubro de 2012

Sex and the City: minutos de sabedoria

Abertura da série

Um docinho de abóbora após uma taça de vinho, um prato de massa e um episódio de Sex and the City... E tudo parece mais claro, mais leve, acerca das nossas relações. Quando me dou conta, aqui estou (cheio de tesão), digitando login e senha para desatar mais uma postagem no blog. Por mais que muitos dizem tratar-se de consumismo, futilidades, relações vazias... Ok, ok... Podemos ir além disso? Posso deleitar-me com minhas e outras interpretações?

Refletimos sobre ações educativas, os problemas do mundo, a economia, a fome, a violência, a arte... E pouco sobre aquilo que consome e nutre tanto em nós: nossas relações afetivo-sexuais. Sem dó, parcimônia, vergonha ou piedade, Sex and the City toca, afaga, agita e escancara (masturba) esse assunto que diz respeito a mim, a você e a qualquer mortal transeunte no planeta Terra. Do povo dos demais planetas não sei bem, mas suspeito que seja parecido.

As pessoas entram em nossas vidas, acrescentam muito, levam muito, estragam muito. E nós, seguramente, também fazemos isso na vida delas. Cada um de nós tem um "Big" em sua vida. Não é só Carrie que padece dessa dádiva. Uma grande transa, um grande membro, um grande amor, uma grande paixão, uma grande perda, uma grande burrada... Falando em 'big', é (co)movente ver Samantha (em meio ao drama de seu namorado que, "hard", mede 8cm) espiando os jogadores do Yankees (seus belos tacos e bolas) no vestiário. Nós somos assim, grandes ou pequenas, tais situações sempre mexem com a gente.

Kim Cattrall como Samantha Jones

Recordo, cheio de fé (e com louvores), do que disse minha amiga - Top - Lourdes: "Sex and the City é como minutos de sabedoria". Amém! Respondo convicto. Sempre é possível nos ver nas personagens. Seus dramas são os de todos nós reles mortais. As soluções que inventam para seus problemas podem servir, perfeitamente, como modelos e (ins)pirações para nossas tragédias gregas, baianas, goianas, gaúchas ou javanesas, tanto faz.

Vale a pena nos perguntar sobre nossa porção Carrie... Samantha... Chalotte... Miranda... Personagens que congregam biotipos e maneirismos de tantas mulheres e homens. Sabe aquelas frugalidades afetivo-sexuais que, por vezes, você finje não dar a mínima mas que te corroem? Ou então, aqueles sentimentos e pensamentos que te fazem suar, perder o apetite, ficar excitado/a...? É disso que elas falam.

Junto disso tudo, que não é pouca coisa e nem futilidade, as meninas também escancaram o poder de uma palavra/situação/relação tão cara a nós (e às vezes bestializada): amizade. Ser amigo/a é tão profundo quanto ser namorado/a. Exige convivência, proximidade, experiência, confiança, reciprocidade... A lista segue. Acho patético quando certas pessoas dizem "entre nós, só amizade", como se ser amigo fosse um consolo para uma transa que não rolou ou um namoro que acabou. Desesperada por ter reencontrado o ex, Carrie liga marcando um encontro. Surpreendentemente, no local e horário marcados, quem lhe espera à mesa é Miranda. Diante de batatas fritas já frias, chuva e um olhar terno que acolhe, a regra mais importante da separação: nada se supera sem amigos.

Sarah Jessica Parker e Cynthia Nixon como Carrie e Miranda

Sex and the City trata dessas relações tão humanas que nós experimentamos a cada dia na cidade, na rua, em casa... Em outras palavras, a série me sujere muito acerca das relações corpo - ambiente (como discutem Greiner e Katz, 2001), insinuando sem pretextos que somos e não temos corpo. Que as relações que vivenciamos não são obras de espíritos zombeteiros (salve Chaves), mas de corpos sexuados e situados. Vale a pena ver, sentir e se questionar. Carrie sabe o que é sexo bom e não tem receios de (se) questionar a respeito. E você?


Imagens capturadas da abertura e do 1º episódio da 2ª temporada da série.

2 comentários:

  1. Relações Humanas em uma era de tecnologia, em que parecemos estar mais próximos, mas na realidade, não tão próximos assim. A internet deixa mais próximo? cria oportunidades? Nos permite conhecer pessoas que de outra forma, talvez, não conheceríamos? Como se construir amizades em um mundo virtual? Se amizade/namoros funcionam da mesma forma, como fazer com o desejo pelo toque, pelo abraço, pelo olhar, pelo sexo? Qual a linha que separa, se se pode separar, um e outro?

    Excelente texto, Oda e o "defino" como tal, pois quando um texto no atiça mais perguntas que respostas é porque foi bem escrito, foi inteligentemente escrito.

    Parabéns!!!

    Bjos

    Chris

    ResponderExcluir
  2. Eu também sei o que é sexo bom, como a Carrie, ainda bem!
    Tenho todo o seriado, vi, revi, revi com amigas (meu grupo SATC), é bem isso mesmo, de uma forma ou de outra...

    ResponderExcluir