Skatistas, patinadores, uma galera do ‘cachimbo da paz’,
casais apaixonados, homens que usavam o WC feminino, música sendo ensaiada,
nuvens prometendo chuva, uma bela de rosa e preto que performava poses
sensuais... Entre tudo isso e tantas outras formas de vida, ação, movimento,
que compunham o cenário da Praça Universitária de Goiânia/GO, no dia 24 nov.
2012, aconteceu o “Por Acaso – Tardes de Improviso”, sob coordenação do Por Quá
Grupo Experimental de Dança, dirigido por Luciana Ribeiro.
Como o próprio grupo descreve, Por Acaso – Tardes de
Improviso é uma jam
session que busca
reunir artistas para improvisar músicas e danças quentíssimas. Costumeiramente,
acontece na Fábrica Cultura Coletiva, todavia, por ocasião da
Mostra de Arte Insensata (22 a 24 nov. 2012), a sessão de improviso deslocou-se
da Fábrica para a Praça. Dialogando com a cidade e com artistas, o Por Acaso objetiva
criar encontros, intervenções e experiências sonoras, físicas, plásticas e
visuais.
Esses entrelaçamentos de sensações/sentidos/experiências –
que não prescindem do pensamento, pois tudo está junto no corpo – possibilitam modos de apreciação da dança que se articulam entre o assistir e o dançar junto. Ver e
fazer seduzem um ao outro e se (con)fundem, abrindo possiblidades de apreciação,
envolvimento, diversão, criação, diálogos sensíveis e estéticos. Os corpos,
literalmente, caem na dança. Do mais ao menos iniciado, todos dançam,
esgarçando as fronteiras da dança enquanto arte, área de conhecimento,
profissão, entretenimento, evento social, ação-pensamento do corpo. Quer arte
mais (in)sensata que isso?
Por Acaso possibilita pensar-sentir-fazer questões em torno da acessibilidade a artefatos e obras artístico-culturais; a democratização da experiência estética; a desfronteirização palco/platéia; criações coletivas; relações corpo e ambiente; contemplação e participação; crítica e apreciação; etc. Múltiplos vieses de interpretação emergem quando a dança aponta para além de si própria, abrindo canais para, por meio do corpo, ver o mundo.
Por Acaso possibilita pensar-sentir-fazer questões em torno da acessibilidade a artefatos e obras artístico-culturais; a democratização da experiência estética; a desfronteirização palco/platéia; criações coletivas; relações corpo e ambiente; contemplação e participação; crítica e apreciação; etc. Múltiplos vieses de interpretação emergem quando a dança aponta para além de si própria, abrindo canais para, por meio do corpo, ver o mundo.
Suor, ideias e sentimentos emergem do corpo ao ver os demais corpos
imersos na dança e ao deixar-se envolver, dançando junto. E o crítico, é o que
fica diante de? É o que se relaciona com? É o que discursa sobre? É aquele que fala o que ele próprio faria se fosse o artista? Lembrando o
filósofo Jacque Derrida, talvez a ação do crítico possa ser entendida como uma
(des)construção. Crítico é o (m)eu corpo que, tocado pelo que vê, imerso no que
experimenta, configura uma fala acerca disso. Esta fala pode não ser mais o
visto e experimentado e sim uma desconstrução, uma outra construção, um dos possíveis modos de ver, dizer, interpretar
aquilo.
Odailso Berté
Coreógrafo, dançarino e pesquisador em dança contemporânea
Doutorando em Arte e Cultura Visual - UFG
Mestre em Dança - UFBA
Licenciado em Filosofia - UPF
Fotos de Odailso Berté
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