Um homem brincando de boneca. E por incrível que pareça, não de brincadeira, sério mesmo. É o que se pode ver no filme "A garota ideal" (EUA, 2007), dirigido por Craig Gillespie. Uma comédia dramática, confundida com comédia pastelão na prateleira da locadoura, que narra a vida de Lars (Ryan Gosling), um homem recluso, tímido e solitário que usava várias peças de roupa para não ser tocado: o toque lhe doía. Ele nunca fora estimulado, ou, sequer, orientado acerca da sexualidade. Era órfão de pai e mãe, meio esquecido pela família.
Certo dia, Lars comprou uma namorada. Bianca. Uma "sexy doll" comercializada na internet. Numa cadeira de rodas, Lars inseriu Bianca na vida social apresentando-a às pessoas em festas, na igreja, na rua... Bianca foi aceita pela comunidade, que, com solidariedade, soube entender o momento e o modo que Lars encontrou para lidar com suas dores, traumas e lacunas existenciais. Com Bianca, Lars foi ensaiando modos de se aproximar, se dar a conhecer, respeitar e deixar partir. Vale lembrar que ele não transou com ela, não era de uma disfunção sexual que ele sofria.
Bianca - uma metáfora - escudo, ou, ponte para a relação com os outros. Um corpo inanimado que, simbolicamente, ajuda a animar um corpo vivo retido por relações opacas, atenções não concedidas, abraços partidos, beijos frios, perdas não compreendidas, carinhos mecânicos, desejos presos, afetos dormentes. A médica, as doces senhoras, o padre, o irmão, a cunhada... A comunidade - grande corpo - onde cada membro soube acolher, entender e amar mesmo que parecesse devaneio, loucura, disparate. Pessoas que souberam fazer parte da 'fantasia real' para que Lars superasse seus medos, fizesse seus lutos, se despedisse de Bianca quando necessário e encontrasse Biancas vivas para lhe tocar sem mais sentir dor. Um filme simples e despretencioso, uma meiga metáfora de como aprender a amar o próximo e a si mesmo. Quem de nós precisaria de uma "Bianca"? Que tal brincarmos de boneca?
Certo dia, Lars comprou uma namorada. Bianca. Uma "sexy doll" comercializada na internet. Numa cadeira de rodas, Lars inseriu Bianca na vida social apresentando-a às pessoas em festas, na igreja, na rua... Bianca foi aceita pela comunidade, que, com solidariedade, soube entender o momento e o modo que Lars encontrou para lidar com suas dores, traumas e lacunas existenciais. Com Bianca, Lars foi ensaiando modos de se aproximar, se dar a conhecer, respeitar e deixar partir. Vale lembrar que ele não transou com ela, não era de uma disfunção sexual que ele sofria.
Bianca - uma metáfora - escudo, ou, ponte para a relação com os outros. Um corpo inanimado que, simbolicamente, ajuda a animar um corpo vivo retido por relações opacas, atenções não concedidas, abraços partidos, beijos frios, perdas não compreendidas, carinhos mecânicos, desejos presos, afetos dormentes. A médica, as doces senhoras, o padre, o irmão, a cunhada... A comunidade - grande corpo - onde cada membro soube acolher, entender e amar mesmo que parecesse devaneio, loucura, disparate. Pessoas que souberam fazer parte da 'fantasia real' para que Lars superasse seus medos, fizesse seus lutos, se despedisse de Bianca quando necessário e encontrasse Biancas vivas para lhe tocar sem mais sentir dor. Um filme simples e despretencioso, uma meiga metáfora de como aprender a amar o próximo e a si mesmo. Quem de nós precisaria de uma "Bianca"? Que tal brincarmos de boneca?
Imagem capturada em: http://www.adorocinema.com/filmes/garota-ideal/imagens/1245084083_garotaideal03/#imagens
Mas será amor isso? Não é mais fácil deixar alguém se escondendo atrás de uma fantasia do que enfreta-lo e traze-lo de volta a realidade?
ResponderExcluirAcho que o que os amigos fizeram foi egoísmo não amor...
;p
Eu entendo sua impressão... Também tive esta mesma postura no início do filme. Mas o desenrolar da trama não é nada óbvio... é despretencioso e bem acertado. Bom mesmo é ver o filme e construir interpretações.
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