4 de julho de 2010
Extraviando pedaços
De volta ao local que, carinhosamente, chamo de quarto, retomo lembranças, disfarço assuntos, instalo afazeres. É um dom, embora não goste do termo, poder multiplicar as palavras, dosando-as entre poéticas e dramáticas, para articular uma (sobre)vivência adequada quando as pessoas amáveis nos surpreendem a ponto de desarrumar a confiabilidade que nelas depositamos.
Não tenho o direito de mudar a vida de ninguém, tampouco de permitir que entristeçam a minha. Este que fala, só sou eu pedindo amor e cuidado. Acredito não ter sido próximo o bastante para exigir isso, mas fui transparente no sentir, no desejar e no proceder... Nunca exigi mais que reciprocidade.
Aleatoriamente sigo pensando que o ideal de amor que ainda tenho é apenas um ideal, elevado demais, poético demais, simples demais na minha simplória compreensão. Sinto muito, pois experimentei elementos tão próximos desse ideal, elementos (por)táteis, dóceis e sensatos... Até o momento em que as cores verdadeiras deram os tons, e o borrão desconfigurou a imagem. Pois como diz a canção pop que ouço, quando um homem ama, dá pra sentir isso no toque dele.
Se esperar ainda vale, esperarei por esse amor que amo. E concluo essa fala comum, disfarçada com adornos, com uns versos do livro que comprei para mim, coisa que há tempos não fazia (pensar em mim). Fale por mim, Matha Medeiros:
"eu diria do amor que o amor é reto
que o asfalto do amor acaba
mas o amor continua
desbravando o mato"
Imagem e trecho do livro 'Cartas Extraviadas' de Martha Medeiros.
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A espera nos faz vagar entre virtualidades e realidades. Sonhar com movimentos corporais e a quietude da alma. Com um pé no chão e outro nas nuvens. Encolhidos entre a chuva do Nordeste e o calor do Centro-Oeste. Entre premissas e angústias. Entre sonhos e realidades. Vamos ver no que este esboço vai se transformar?
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