4 de agosto de 2010

Beijos ao vento


Apartando-me de parte de mim, distanciando-me do que diz tanto, lido com ausências estabelecendo presenças. Não na mesma proporção, proponho instantes pequenos para fugir do amor e fingir toques serenos de beijos ao vento.

Bebo cantigas e ouço o cantil que antes ecoava sons molhados, dos telhados da minha infância. A chuva ainda traz saudades boas, de quando ainda era bom imaginar, não assustavam as fantasias, hoje fantasmas.

Pedindo para que o filme termine logo, o cinema me inunda sem acariciar meu ego estético. Pesam os pêsames dos dramas, comédias e romances. Nem as animações parecem animar como outrora.

Mas, apenas aprendo a lidar com saudades que eu mesmo inventei, de amores que idealizei, de sonhos que projetei, de vontades que senti, de realidades que não avistei. Verdades que minha percepção não alcançou. Preferências que meu paladar esqueceu. Permanências que meu tato automatizou.

De resto, pairam esperanças que esperam e surgem com o sol quando abro a janela. Acenam para mim em uma cena grotesca, descem a ladeira e somem na curva. Mas gritam para que eu as alcance, pois hão de me esperar em um ponto qualquer da estrada. Não posso cansar antes de lá...

Imagem capturada em:
http://dancandocomreinaldo.blogspot.com/2007_05_20_archive.html

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