24 de agosto de 2010

saia de papel na chuva ácida


Se eu confessar que não dou conta de mim mesmo, você acreditaria? Não sei ser só. "Tenho medo do escuro, do inseguro, dos fantasmas da minha voz...", como diz a canção de Vanessa da Mata. Tento e me esforço, mas meus enganos me vencem, se alteram e mostram o quão fraco, fanho e franzino sou. Dependente, depressivo, desatinado.

(Re)clamo e (de)monstro que sou (e)terno de façanhas mal pagas, proezas desastradas que indicam o caminho da comédia diária na vida que levo e que me leva também. Minhas (insufi)ciências dizem a todo instante que não fui e não sou suficiente no contato com outro. Deixado! Fora! Indesejado!

O (e)motivo que em mim perece tem olheiras de olhar (m)olhado no fundo dos olhos. Tento escrever diferente, mas artigo definido não sai. Só um indefinido corre tal qual serelepe na minha imaginação. (Re)cortes de momentos bonitos se justapõem a momentos intranquilos. Afeto e violência se dissolvem no mesmo copo de água que tenta matar minha sede, mas ela não cede.

Longe de você, quem sabe, eu consiga instruir meus sentimentos a obedecerem a minha vontade, que se vê aos trancos e barrancos para se manter intacta, ativa e atenta. Porém, seu déficit de atenção aumenta a cada dia e ela esquece de me aquecer. Lacônica e tonta de anseios. Livre para querer tantas outras coisas, mas trancafiada dentro em si, pois de ti, pede todos os dias.

Foto: Odailso Berté

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