20 de setembro de 2010

Sex and the Image


Como é difícil aceitar o fato de virarmos desimportantes para o ser amado. Isso nos leva a revisar os nossos sentimentos. O que amamos de fato, uma pessoa real ou a imagem que construímos dela? E que imagem mostramos de nós próprios nos relacionamentos que criamos?

Nos apaixonamos por uma imagem misturada, feita da realidade do outro, das nossas expectativas e daquilo que o outro inventa de si mesmo. Edificamos castelos de amor, canções e presentes, acreditando no conforto que essa imagem transparece. Mas um dia ela se desgasta, borra, se apaga, se esvai... Fica um fundo bruto, frio e inexpressivo. E aí se inicia um processo doloroso, um beco que parece sem saída. É preciso desconstruir a imagem para poder se desapaixonar e seguir sem tantos danos.

Como diz Martha Medeiros, isso “exige que você reconheça que foi seduzido por uma fantasia, que você é capaz de se deixar confundir, que o seu desejo de amar é mais forte do que sua astúcia. Significa encarar que alguém por quem você dedicou um sentimento nobre e verdadeiro não chegou a existir, tudo não passou de uma representação – e olha, talvez até não tenha sido por mal, pode ser que esta pessoa nem conheça a si mesma, por isso ela se inventa”.

Aos que inventam falsas imagens de si nos relacionamentos afetivos, Martha chama de ‘desonestos do amor’, “aqueles que fabricam idéias e atitudes, até que um dia cansam da brincadeira, deixam cair a máscara e o outro fica ali, atônito”. Corrupção não é só uma questão política, é também afetiva. É preciso cautela na hora de eleger o bem amado.

Encontrar pessoas incorruptíveis nos relacionamentos ainda é algo possível? Ou, precisamos aceitar que as relações afetivas são enredos fantásticos onde atuam imagens que se esvaem quando a cortina se fecha? Seria o amor uma comédia pornô onde o que convém mesmo é curtir, gozar e rir dos dramas românticos? Amor, por que tão sério? Rsrsrsrsrssr...

Amamos imagens e somos imagens. Umas eternas, outras passageiras, umas ternas, outras que ferem, umas ilusórias, outras verdadeiras. Somos imagens apaixonantes e imagens que podem virar desimportantes. Que imagem eu sou? Que imagem eu invento de mim? Que imagem eu amo?

Citações do texto "Desconstruções" de Martha Medeiros, disponível em:
http://www.dejovu.com/mensagens/ver/?3843/Descontru%E7%F5es
Imagem capturada em:
http://www.imagensporfavor.com/buscar/1/coringa.htm

Um comentário:

  1. As importâncias cultivadas pelo ser amado não se desfazem, mas desejando novos florescimentos, germinam em outras paisagens... tão belas e intensas como àquelas de antes. E continuam ali, reais, verdadeiras, presentes.

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