1 de dezembro de 2010

Entre risco e nuvem


Quando começo enumerar palavras para dispor essas ideias díspares que me vem corpo afora, vejo que ainda continuo unilateral, tendencioso e curiosamente atrelado a perplexidades ternas.

Me sondam as felicidades de verdade e risco. Que risco é esse? Trata-se de arriscar? Correr o risco? Ou riscar? Rabiscar? Discorrer em riscos? Será isso uma certeza ventilada de poesia?

No vôo que me trouxe de volta, adormeci de início. Quando abri os olhos, de rosto voltado para a janela, vi que atravessava a brancura das nuvens. Tudo pareceu tão leve, tênue e sutil. Uma realidade em forma de sonho.

E tive vontade de perpetuar essa imagem real. Atravessar brancuras como quem apaga os entornos feridos, magoados e nãos quistos. Atravessar as fases difíceis e sentir as dores de outrora se desfazerem, deixando-se ser transpassadas para aportar com serenidade.

Queria que tudo só tivesse sido como nuvens escuras que, após as oscilações climáticas, clareassem de novo, permitindo serem atravessadas.

Não espero parado, mas gostaria de algo esclarecedor que me colocasse outra vez naquele lugar de tessituras afins: olhos d’água; santas, estrelas e cantoras; risos de qualquer hora; atração pela beleza que não se põe na mesa.

A conclusiva "tenho certeza que isso não é uma despedida" soa bem e quase compensa o peso da afirmativa "porque eu não quero". Entretanto, ainda me permito compreender o risco, atravessar as nuvens e querer, sem conseguir explicar.

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