23 de dezembro de 2010

Harry Potter: entre prisão, cálice, ordem e enigma

Mesmo sem ter mergulhado na sequência de livros escrita pela britânica Joanne K. Rowling, me aventurei na sequência cinematográfica articulada pelos três diferentes diretores que sucederam Chris Colombus - inaugurador da jornada que pôs Harry Potter nas telas. Após a maratona de aventuras e surpresas, ao longo dos seis filmes, recorto trechos e imagens para prolongar as boas sensações e os encantos.

De "O Prisioneiro de Azkaban" (EUA, 2004), dirigido por Alfonso Cuarón, ressalto a possibilidade, mesmo que imaginária, de voltar no tempo, poder ser espectador dos próprios atos, olhá-los pelo revés, avaliar o processo de vida, retomar momentos, ver os feitos por outro ângulo e perceber o quanto as escolhas feitas e as atitudes tomadas foram decisivas, equivocadas ou, simplesmente, momentâneas. Mesmo com as perdas, que não deixam de perseguir o jovem Potter (Daniel Radcliffe), fica a esperança de que "aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade".


De "O Cálice de Fogo" (EUA, 2005), dirigido por Mike Newell, menciono a capacidade de não deixar ninguém para trás - uma atitude utópica para a atualidade capitalista. Tendo sido o 'quarto escolhido' para representar sua escola no campeonato de 'Três Bruxos', Potter (Daniel Radcliffe), faz mais do que as obrigações da competição. Em momentos de extrema dificuldade onde sua classificação poderia estar ameaçada, ele não consegue deixar pessoas para trás, opta por ter o outro consigo. Mesmo que uma derrota seja a condição, a alteridade prevalece.


De "A Ordem da Fênix" (EUA, 2007), dirigido por David Yates, destaco as proibições a que a Escola de Hogwarts foi submetida. Uma inspetora, a professora Dolores Umbridge (Imelda Staunton), que acredita educar apenas pelo abuso de autoridade, impõe a proibição no lugar do acordo. Ao invés do diálogo, a norma se sobrepõe às pessoas e determina que educar passa por relações de saber e de poder. É comovente a cena em que a professora Sybila Trelawney (Emma Thompson) é explusa da escola inocentemente acusada, pela rígida inspetora, de charlatanismo.


De "O Enigma do Príncipe" (EUA, 2009), também sob direção de David Yates, recorto duas daquelas personalidades improváveis, das quais pode não se esperar muita coisa: "a menina aluada" e "o velho em fim de carreira".

Luna (Evanna Lynch) é a menina que pouco é levada a sério. Costumam dizer que ela "vê coisas", fala com fantasmas e vive no mundo da lua. Ou seja, uma pessoa à qual não se pode dar muita credibilidade. Todavia, Luna, simples e despretenciosa, é quem aparece nos momentos mais improváveis para prestar um auxílio necessário, como a luz da lua em noite escura.


Alvo Dumbledore (Michael Gambon) , o professor que gosta de fazer tricô, com imensa humildade, vê-se diante do momento de parar. Quase como um Cristo idoso a caminho do martírio, não foge das fatalidades do destino. Entregue ao percurso da vida e ao traço dos acontecimentos, na iminência do combate, ele é obrigado a deixar vacante seu cargo de diretor da Escola de Hogwarts. O velho sábio parece cansado, como o sol se escondendo perante a tempestade que se aproxima.


Talvez estes não sejam os detalhes privilegiados nos roteiros dos referidos filmes. Todavia, são recortes feitos pelo meu olhar de espectador e criador de sentidos. São os pequenos encantos que me enfeitiçaram na trajetória de Harry, Hermione e Ron.

Imagens capturadas em:
http://www.cinemaemcena.com.br/Procurar.aspx?procurar=harry%20potter

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