(M)eu corpo quando capturado pelo que ouve, vê, toca, faz festa, ritual, protesto. Sai à rua, se veste, se pinta, se enfatiza para demarcar espaços que são seus, terrenos e tetos dos quais não quer ficar sem. Esse corpo dança - se diz - se dá - se mostra - e assim dialoga com o mundo de outros tantos corpos.
Mais gordo ou mais magro, dando um mínimo de crítica aos padrões, me entorpeço de (des)afetos para deliberar vontades em tardes e noites que fazem irromper calores guardados, afoitos por se lançarem contra. Chama-febre que me tira da escuridão, me faz brasa. Rolando lá no fundo, transbordando por minhas arestas.
Se saudosa e desapercebidamente espio por cima do ombro, vejo se apagando atrás de mim aquilo tudo que podíamos ter tido... Daquele modo, incondicional. Coração, palma, mão... Brincando, em uma displicente forma de amar que destituiu a segurança de ficar. O aviso da perda iminente não foi o suficiente para demover sua armadura.
Dançar se faz meu protesto, minha quebra dos pratos, minha tempestade em quantos copos d'água forem necessários. Bebo a música, me embriago em sua batida e a inauguro como hino que me move a sacrifícios, liturgias profanas para desestabilizar quaisquer laços entre céu e terra, pois abomino, a cada dia mais, qualquer dualismo.
A lágrima e o suor desse corpo que sou se fundem no calor desse movimento que me escorre de ponta a ponta. E assim me refaço a cada instante, me entendendo como membro-bicho da evolução das espécies. Danço e derreto em afetos que ardem, protesto, vermelho, materialista, histórico, amante.
Imagens do vídeo clip "Rolling in the deep" - Adele.
Adoro este corpo se movendo neste clipe. Adorei me deparar com seu texto linkado a esta referência.
ResponderExcluirGostei muito tambeém!
ResponderExcluirEm relação a suas palavras eu sempre gostei de dançar, queria ter seguido um caminho onde eu podesse ter tido a dança no meu dia a dia! Mas não tive oportunidades!
Adimiro todos que fazem da dança sua fonte de vida!