11 de setembro de 2011

Rolling in the deep


Amanheci querendo uma imagem para dizer algo mais junto da linguagem comum das palavras. Uma imagem inspirada por uma canção. Um postagem motivada por um momento. Um homem impelido por um sentimento. Um corpo apropriado de um pensamento.

Inicio mensagens que prometem deixar claro o que sou, sinto e sei, mas, ao chegar na metade dessa mísera redação, apago-as. Não sei se devo deixar tão claro isso tudo que digo ser, sentir e saber. Assim, morrem tantas mensagens, possíveis ditos, palavras, pedaços meus que poderiam mudar rumos cotidianos.

Volto constantemente para a canção que tem se feito um hino diário. Nela encontro uma força quase religiosa, como dizem por aí, embora eu desconfie disso. "Rolling in the deep", a qual recomendo para quem ainda guarda dizeres presos no espaço entre a garganta e o coração.

Não sinto nem penso as coisas num mundo de ideias, elas palpitam e ardem na carne. Nesses músculos, ossos e veias caminham inteligências que nem posso contar. Se as histórias que meus neurônios criam pudessem ser ouvidas a "ouvido nu", não poderia me responsabilizar pelos escândalos que causariam. Típico de um bicho de corpo.

A batida segue me dando os passos. Obediente e travesso, danço e persigo a melodia e na imagem realizo desejos não ditos, guardados depois da mensagem apagada. Simples como uma pomba e ousado como uma serpente, alimento meus demônios emocionais e permito que me amem errado até a corda arrebentar e o precipício tragar aquilo que poderíamos ter.

Assim, apocalíptico, sigo com meus afazeres que precisam mais das minhas energias do que certos princípios encantados que passam a noite no baile e deixam o principal chorando as penas de um velório romântico.


Imagem: fotografia "The Taser's Macrorgasmic Dominium Sense" (2009) de Alessandro Bavari
Capturada aqui.

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